07/03/2015

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HOJE NO 
"OBSERVADOR"

China manda apagar da internet documentário alarmante sobre poluição

Documentário 'Under the Dome', sobre poluição atmosférica, deixou o Partido Comunista Chinês nervoso. Uma semana e 100 milhões de visualizações depois, Governo ordenou que filme fosse apagado da net.

As autoridades na China ordenaram a retirada da internet do famoso documentário ‘Under the Dome’ (Debaixo da Cúpula), que retrata ao pormenor o enorme problema de poluição que existe naquele país. O documentário, que explica de forma alarmante os custos para a saúde e para a sociedade no geral dos elevados índices de poluição, já foi visto por mais de 100 milhões de pessoas desde que foi posto na internet – apenas há uma semana. E tornou-se o principal tema de conversa por todo o país.
PRAÇA TIANANMEN

O filme apanhou as autoridades chinesas de surpresa e, perante o soar das campainhas de alarme, o gabinete de propaganda do Partido Comunista Chinês ordenou aos principais sites de transmissão de filmes online que eliminassem o vídeo. O apagão generalizado deu-se na sexta-feira à tarde, apenas um dia depois de ter arrancado a sessão legislativa no Parlamento chinês e pouco depois de o presidente do Conselho de Estado, Li Keqiang, ter prometido combater com todos os meios ao alcance do Governo aquela que disse ser a maior “chaga” da sociedade chinesa, nota a BBC.

Trata-se de 104 minutos de filme, cujo título (Under the Dome) é uma referência à intensa poluição atmosférica que paira sobre a população, afetando o dia-a-dia da sociedade chinesa em grande parte do território nacional. O tom é de alarme e o objetivo é incentivar as pessoas e as empresas a adotar hábitos mais responsáveis. O documentário foi visto por centenas de milhares de pessoas em apenas uma semana e tornou-se rapidamente o tema quente de conversa de muitos chineses.
 
ESTÁDIO OLÍMPICO
Na sexta-feira ao final da tarde, no entanto, quem ainda não tivesse visto e quisesse ver o famoso documentário para poder participar nas conversas entre amigos, já não conseguiu. Nos maiores sites chineses de transmissão de filmes, como o Youku ou o Tencent, quem quisesse descarregar o documentário encontrava apenas links mortos, que direcionavam o espetador para uma beco sem saída. Mais: a página online do jornal do Partido Comunista (Diário do Povo) tinha inicialmente promovido o link para o vídeo e uma entrevista com o realizador Chai Jing, mas na tarde de sexta-feira o link também já não estava disponível e a entrevista tinha sido eliminada.

O tema, de resto, começou por dominar a agenda política chinesa e fez mesmo alguns governantes falar. Foi o caso do recém-empossado ministro do Ambiente, Chen Jining, que fez rasgados elogios ao documentário e incentivou os repórteres e realizadores a falar sobre o tema para “incentivar todos os esforços individuais que podem ser feitos para melhorar a qualidade do ar”.

Realizado por Chai Jing, um ex-jornalista de investigação do canal de televisão estatal China Central TV, com a colaboração de outros jornalistas do mesmo canal, o New York Times acrescenta que rapidamente se tornou óbvio que o documentário tinha sido realizado com a ajuda de funcionários do partido e do Governo da ala pró-ambiental. Depois do lançamento, no entanto, a outra ala do partido, juntamente com dirigentes de empresas públicas, apressou-se a criticar o filme, dando a entender que o fenómeno de popularidade súbita tinha deixado o núcleo duro do Governo comunista nervoso.
TELHADOS DA CIDADE PROÍBIDA

Na sexta-feira ao final da tarde, no entanto, quem ainda não tivesse visto e quisesse ver o famoso documentário para poder participar nas conversas entre amigos, já não conseguiu. Nos maiores sites chineses de transmissão de filmes, como o Youku ou o Tencent, quem quisesse descarregar o documentário encontrava apenas links mortos, que direcionavam o espetador para uma beco sem saída. Mais: a página online do jornal do Partido Comunista (Diário do Povo) tinha inicialmente promovido o link para o vídeo e uma entrevista com o realizador Chai Jing, mas na tarde de sexta-feira o link também já não estava disponível e a entrevista tinha sido eliminada.

O tema, de resto, começou por dominar a agenda política chinesa e fez mesmo alguns governantes falar. Foi o caso do recém-empossado ministro do Ambiente, Chen Jining, que fez rasgados elogios ao documentário e incentivou os repórteres e realizadores a falar sobre o tema para “incentivar todos os esforços individuais que podem ser feitos para melhorar a qualidade do ar”.
 
SEM PALAVRAS
Realizado por Chai Jing, um ex-jornalista de investigação do canal de televisão estatal China Central TV, com a colaboração de outros jornalistas do mesmo canal, o New York Times acrescenta que rapidamente se tornou óbvio que o documentário tinha sido realizado com a ajuda de funcionários do partido e do Governo da ala pró-ambiental. Depois do lançamento, no entanto, a outra ala do partido, juntamente com dirigentes de empresas públicas, apressou-se a criticar o filme, dando a entender que o fenómeno de popularidade súbita tinha deixado o núcleo duro do Governo comunista nervoso.

* Em Pequim, nas traseiras da Cidade Proíbida, existe um jardim lindíssimo feito sobre a serradura da madeira cortada e utilizada na construção da cidade. Existe no seu interior uma elevação que leva a um altar de Buda uns bons metros acima do plano do jardim onde se encontram plantados "bonsais" enormes que nunca tínhamos imaginado. No topo da elevação e olhando para a Cidade Proíbida a visibilidade é tão má que não se vê com nitidez a maior parte dos edifícios e o resto de Pequim observado naquela prespectiva está envolvido por um denso "nevoeiro". O "nevoeiro" não é outra coisa senão a poluição pairando.

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