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470.
Senso d'hoje

 JOÃO
 FERREIRA DO AMARAL
  ECONOMISTA

SOBRE A REFORMA DO  ESTADO

"A reforma do Estado ficou muito aquém do que se previa e do que o próprio Governo anunciou. O FMI aponta principalmente, como falhas, as relações com as empresas e com os cidadãos, e nesse aspeto tem razão. O Estado continua a ser, em muitos aspetos, ineficaz a lidar com as empresas e com a atividade económica."

Cortes nos vencimentos não são uma reforma do Estado. A reforma do Estado é a alteração de procedimentos no sentido de uma maior eficácia, e de uma maior direção para as reais necessidades do país. O funcionamento do Estado é basicamente o funcionamento das suas chefias, isto é, as chefias da Administração Pública condicionam tudo o resto, e portanto o cuidado na nomeação das chefias, do meu ponto de vista, é essencial para a melhoria do funcionamento o Estado.

 Eu não creio que seja possível fazer a chamada leitura inteligente do Tratado Orçamental. O Tratado é menos flexível do que era o Pacto de Estabilidade e Crescimento. Das duas uma, ou se cumpre o tratado ou se altera o tratado. Nós não vamos poder cumprir o tratado. Será que a Europa, e em particular a Alemanha, estão dispostas a alterá-lo? Tenho as minhas dúvidas porque a Alemanha investiu muito, politicamente, neste Tratado Orçamental e, do ponto de vista interno, é uma salvaguarda do governo alemão para o seu próprio eleitorado dizer, "nós não aceitamos que os outros países gastem para a gente pagar". O futuro da Europa é muito incerto.

* Excertos de entrevista ao "DINHEIRO VIVO"

** É nossa intenção, quando editamos pequenos excertos de entrevistas, suscitar a curiosidade de quem os leu de modo a procurar o site do orgão de comunicação social, onde poderá ler ou ver a entrevista por inteiro.  

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