10/02/2015

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 HOJE NO 
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Unidos contra a violência doméstica. 
Adélia Ribeiro dá nome a rua em Braga

Quinze dias bastaram para a Câmara Municipal de Braga se solidarizar num passo inédito contra a violência doméstica. Município vai também criar centro de acolhimento

Adélia Ribeiro ainda lutou durante mais de um mês mas não sobreviveu às queimaduras em quase metade do corpo. Tinha 50 anos e no dia 18 de Agosto viu o marido regá-la com álcool e atear o fogo. As agressões sistemáticas estavam sinalizadas junto da PSP mas naquela segunda-feira, quando chegou o socorro, já pouco havia a fazer. Agora, num gesto inédito da Câmara Municipal de Braga, de onde era natural, o seu nome vai ser lembrado numa artéria na União de Freguesias de Este (S. Pedro e S. Mamede).

Em pouco mais de 15 dias e depois de o i ter lançado o repto a vários autarcas, a homenagem foi aprovada ontem numa reunião do executivo municipal. 
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O presidente da câmara Ricardo Rio comprometeu-se desde a primeira hora com a iniciativa, considerando a violência doméstica um flagelo social a erradicar. Ontem,  disse estar em causa um coroar de várias iniciativas levadas a cabo pelo município nos últimos tempos, que passaram por um reforço da parceria com a APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – para uma maior sensibilização e apoio na resposta imediata para as vítimas. E além da homenagem pública, brevemente será disponibilizado um centro de acolhimento para vítimas de violência doméstica, que será instalado num edifício da Empresa Municipal BragaHabit. 

No ano passado houve outras duas tentativas de homicídio em Braga em contexto de violência doméstica e na última década há registo de 13 casos fatais. “É uma forma de alertar a sociedade para um problema que urge erradicar de uma vez por todas e, também, de criar um compromisso para dar respostas mais adequadas no apoio às vítimas”, disse Rio.

Além de Braga também os municípios da Amadora, Viseu e Cascais responderam ao desafio do i e vão homenagear as suas vítimas de violência doméstica. Esta semana, está nas mãos dos deputados reforçar a resposta nacional a estas mulheres. O parlamento debate na quinta-feira projectos de lei da maioria e do Bloco para maior protecção às vítimas e um tratamento mais ágil das queixas. Mudanças necessárias para combater um fenómeno que só será erradicado quando for um problema de todos.

No ano passado o Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta registou 43 femicídios, dos quais 35 cometidos por companheiros actuais ou do passado.

Adélia Ribeiro foi uma das vítimas, mas este é um flagelo que não escolhe classes sociais, idades e geografias. E que continua. Em Janeiro registaram-se quatro casos, tantos como no ano passado. Maria Pinheiro, de 52 anos, foi morta pelo marido em Setúbal. Judite Fernandes, de 84 anos, foi estrangulada mortalmente também pelo marido, em Mem Martins. Isabel Figueiredo, de 60 anos, foi assinada a tiro pelo ex-marido em Lamego. Maria Leonor Sousa, de 67 anos, morreu às mãos do marido em Mancelos, concelho de Amarante.

A homenagem das outras câmaras
Amadora 
Os serviços sociais da autarquia liderada por Carla Tavares estão neste momento a avaliar quais as ruas que podem vir a receber a toponímia com o nome de uma vítima de violência doméstica de 2014. Prevenir, intervir junto dos agressores, atender e acompanhar as vítimas de violência doméstica são são os principais eixos do plano municipal da Amadora contra um crime que, no ano passado, causou uma vítima no concelho, além de duas tentativas de homicídio

Viseu 
 A câmara de Viseu quis envolver as associações locais neste desafio lançado pelo i. Juntas vão escolher o nome que irá homenagear, na toponímia da cidade, todas as vítimas deste crime. Almeida Henriques, presidente da autarquia viseense, também já comunicou, em reunião do executivo camarário, a intenção de avançar com esta medida. Em Viseu, aliás, começa hoje o julgamento de um crime que, em Abril do ano passado, chocou o país. Depois de ter cortado a pulseira electrónica, Manuel Baltazar – ou Manuel “Palito”, como ficou conhecido – matou a tiro a mãe e a tia da ex-companheira, alvejando também a ex-mulher e a própria filha.

Cascais 
O ano de 2014  passou sem mortes por violência doméstica, algo que também aconteceu em 2012 e 2011. A câmara municipal solicitou ao tribunal que divulgue a identidade de uma vítima de 2010 para conseguir responder ao desafio do i. Mas o município também mostrou abertura para adoptar o caso de outra cidade portuguesa como seu, passando a homenagem do particular para o geral.

* Belos exemplos destes autarcas na luta contra um flagelo social.


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