15/01/2015

DULCE GARCIA

.






Não há 
fatos italianos baratos

– Há uma coisa que eu admiro no chinês.
– Qual chinês?
– O chinês em geral, o povo.
– Eu acho-os bué estranhos. Sempre a trabalhar, sempre sisudos, não pagam um copo a ninguém.
– Por isso são ricos. Achas que se o Belmiro de Azevedo andasse a pagar imperiais aos amigos de Marco de Canaveses tinha chegado a dono do Continente?
– Pois...
– É incrível como os chineses compraram metade de Portugal e continuam a viver discretamente, sempre em família.
– O Dono Disto Tudo também repartia o dinheiro com a família.
– Não compares. Bastava olhar para ele para perceber que gastava fortunas em fatos. Já a roupa dos chineses, como sabes, é baratíssima!
– Realmente.
– Mais: ao contrário dos portugueses, que só pensam em vivendas, encaixas cinco famílias de chineses num T3, na boa. Já viste o dinheiro que se poupa em rendas?
– Foi o que tramou o engenheiro.
– Qual engenheiro?
– O Sócrates! Foi por causa de querer poupar dinheiro na renda, aceitando a casa do amigo, em Paris, que se meteu em sarilhos. Devia ter continuado a viver com a mãe.
– Não, o problema do Sócrates é que só usava fatos italianos e comia em restaurantes franceses. Ninguém enriquece assim.
– Achas?

Sub-Directora

IN "SÁBADO"
12/01/15



.

Sem comentários:

Enviar um comentário