11/01/2015

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ESTA SEMANA NO
"SOL"

Empresas portugueses exportadoras
 para Angola podem ter problemas

As empresas portuguesas beneficiam dos preços baixos do petróleo, mas as que têm forte presença em Angola podem ver a vida dificultada por causa das dificuldades orçamentais que o país atravessa, consideram os economistas ouvidos pela Lusa.
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Angola é o país lusófono mais afectado pela descida do preço do petróleo, que desceu cerca de 50% desde meados do verão, e está agora a ser vendido a um preço muito abaixo do valor que o Governo definiu como referência para o Orçamento do Estado para este ano - 81 dólares.

"Há um conjunto de países para os quais as exportações portuguesas têm crescido muito nos últimos anos (…) em que o petróleo é a principal fonte de rendimentos e divisas externas” e uma descida acentuada dos preços terá certamente impacto nas importações destes países, salientou o economista Manuel Caldeira Cabral, considerando o caso de Angola como "preocupante".

Angola, porém, não é o único, dado que o Brasil é outro destes casos, já que “aos preços actuais deixou de ter petróleo viável de ser explorado”, a par da Venezuela, indicou este professor na Universidade do Minho.

Entre as consequências da quebra das receitas fiscais por parte destes países estão a possibilidade de haver atrasos ou suspensões nos pagamentos, quebra de importações por redução do consumo interno e substituição de portugueses por fornecedores de outras origens, com a China a surgir bem posicionada no terreno, indicou Manuel Caldeira Cabral.

Para o economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, Filipe Garcia, "a economia angolana corre o risco de ver diminuir o fluxo financeiro de entrada de dólares proveniente das receitas do petróleo”, afirmou, estimando que o impacto da descida do crude se possa fazer sentir em “todas as entidades com exposição relevante” a Angola.

Filipe Garcia alertou nomeadamente para os riscos de poderem surgir alterações no sistema financeiro.

“Quanto mais tempo se prolongarem os preços baixos do petróleo pior será o efeito”, considerou, sugerindo que Angola pode vir a ter problemas de liquidez e tomar medidas que dificultem a saída de capitais.

Já Rui Bárbara, do Banco Carregosa, tem uma visão menos pessimista, destacando que a descida de preços do petróleo é genericamente benéfica para os importadores, entre os quais os países europeus, embora crie um “cenário mais volátil” para quem está a exportar para Angola, Moçambique ou Brasil.

“No geral acaba por ser positivo para a economia portuguesa que continua a contar com países europeus, como Espanha, entre os principais parceiros comerciais”, sublinhou o analista.
Rui Bárbara reconhece que algumas empresas e sectores mais expostos a países exportadores de petróleo possam ser afectados negativamente e perder receitas, mas ressalvou que “cada caso é um caso”.

* Quem exporta para uma ditadura assassina em que o petróleo assume a maior importância na  implantação da mesma, tem de entender os riscos! Não temos pena.

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