22/01/2015

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HOJE NO
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Artrite reumatóide. 
Mais uma vitória da brigada do reumático 

Investigadores do CNC descobriram o que provoca a doença que afecta 40 mil portugueses

T CD8: para quem julga que é um código de uma operação policial, o tiro foi completamente ao lado. As letras e os números servem para designar as células do sistema imunitário produzidas pelo timo (órgão linfóide situado junto ao coração). Servem estas células para defender o organismo das infecções. No caso das pessoas com artrite reumatóide, as T CD8 ficam de tal forma adulteradas que são incapazes de cumprir a sua função, prolongando a doença, quer ao nível sanguíneo, quer ao nível das articulações. E essa foi a grande descoberta alcançada pela equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), foi ontem anunciado pela Universidade de Coimbra.
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Cátia Duarte, José António Pereira da Silva, Helena Carvalheiro, Margarida Souto Carneiro fazem parte desta brigada. Durante a sua investigação descobriram que as T CD8 perdem a tolerância imunológica e começam a sabotar o sistema. Isto é, matam as células boas da articulação e, por outro lado, poupam as células erradas, que deveriam ser destruídas.

A conclusão foi retirada a partir de uma experiência que usou modelos animais. Ao observarem ratinhos, os cientistas perceberam que, quando retiravam as T CD8 do sistema, as cobaias apresentavam melhorias “muito significativas”. Constatando esse fenómeno, a equipa do CNC liderada por António Pereira da Silva decidiu na fase seguinte acompanhar 96 doentes com artrite reumatóide, seguidos no Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. “Estes resultados abrem portas ao desenvolvimento de novos alvos terapêuticos com o foco nestas células, que estão a matar a células erradas porque perderam a capacidade de distinguir o que é estranho daquilo que faz parte do organismo”, explicou Helena Carvalheiro, primeira autora do artigo científico publicado no “Arthritis & Rheumatology”, revista internacional de referência da área.
Sendo a artrite reumatóide uma doença crónica que provoca a destruição das articulações e invalidez progressiva, a procura de novas respostas clínicas “continua a ser um objectivo nuclear, apesar dos notáveis progressos registados já na última década”, sublinha José António Pereira da Silva.

Financiada pelo programa Marie-Curie (bolsas atribuídas pela União Europeia) e por um laboratório de indústria farmacêutica, a pesquisa vai agora centrar--se em “seleccionar as vias moleculares intracelulares das T CD8 que podem ser modificadas geneticamente com fins terapêuticos”, conta a investigadora. Isto é, avaliar como funcionam os sinais dentro destas células, através da análise genética, identificar os que estão alterados e proceder à sua “reparação para que todas as peças da máquina voltem a funcionar em favor do doente”, explica Helena Carvalheiro. Estima-se que a doença afecte actualmente de 40 mil portugueses.

* Investigação científica portuguesa na vanguarda

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