11/01/2015

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400.
Senso d'hoje
   
MEDINA CARREIRA
FISCALISTA/JURISTA
SOBRE O PAÍS


"Com o nosso PIB e sem uma carga fiscal "arrasadora", a despesa pública deveria rondar os 75 mil milhões de euros, mas na realidade é de 86 mil milhões, grosso modo cerca de 10 mil milhões acima do possível. A actual austeridade só pode ser reduzida se se conseguir rapidamente um crescimento significativo da economia, ou o apoio europeu na parte que exceder as nossas reais possibilidades. Não sendo provável que a economia evolua desse modo, nem que a Europa se disponha a pagar-nos as despesas, a promessa de alívios rápidos da austeridade pode gerar perigosas decepções. Contar com decisões de terceiros sem um seguro compromisso prévio é um caminho que não se aconselha como política nacional".
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"Se não houver um governo com o PS e o PSD, no mínimo construído sobre um programa à medida das difíceis circunstâncias em que vivemos, nada se fará que seja adequado e duradouro. Com efeito, sem um crescimento económico dinâmico não sairemos da ratoeira em que caímos. O crescimento não ocorrerá, em termos suficientes, sem investimentos de adequada relevância. Estes não serão feitos se não houver boas condições de atractividade. Pelo menos sem o acordo do PS e do PSD, nenhum governo no Portugal de hoje o garantirá. E o panorama em que vivemos é desconcertante como a actual legislatura confirma, porque só duas vezes concordaram: nas taxas do IRC, que o PS renegou alguns meses depois, e quanto aos subsídios dos ex-políticos, que ambos abandonaram em menos de 24 horas. Pode acreditar-se que alguém fará investimentos que valham a pena num país com este grau de ligeireza política? Por isso contentamo-nos com as vendas a estrangeiros dos negócios existentes, e que por isso nada acrescentam: EDP, REN, CTT, ANA, etc. São indícios preocupantes de que as eleições poderão deixar tudo na mesma".

* Excertos de entrevista ao "i"

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