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Cansados de blogs bem comportados feitos por gente simples, amante da natureza e blá,blá,blá, decidimos parir este blog do non sense.Excluíremos sempre a grosseria e a calúnia, o calão a preceito, o picante serão ingredientes da criatividade. O resto... é um regalo
12/04/2014
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I- VOZES CONTRA
2 - OS SENHORES
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I- VOZES CONTRA
A GLOBALIZAÇÃO
2 - OS SENHORES
DO MUNDO
A Série Vozes Contra a Globalização combina as filmagens em diferentes
lugares do mundo, com arquivos documentais, crônicas de informativos,
trabalhos cinematográficos de diretores como WinWin Wenders, Avi Lewis,
Pino Solanas, Jorge Drexler, poemas de Mário Benedetti e a atuação de
Loucas de Pedra, de Pernambuco/Brasil.
Outras das vozes da série
são os economistas Jeremy Rifikin (EEUU), ecologistas como o espanhol
Ramon Fernandez Duran, o relator das Nações Unidas para a Fome no Mundo,
Jean Ziegler, o ex-portavoz do Fórum Social de Gênova, Vitório
Agnolletto, o Prêmio Príncipe de Astúrias, de Ciências Sociais, Giovanni
Sartori, o especialista em Química Atmosférica, James Lovelock, o
Analista Social José Vidal Beneyto, entre outros.
Los amos del mundo
Montado
a partir de testemunhos pessoais, como do Prêmio Nobel de Literatura,
José Saramago, e o politólogo Samir Nair, Ignácio Ramonet, o músico Manu
Chão, que falaram sobre o modo em que o modelo de globalização tem sido
levado a cabo no mundo.
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ALEXANDRA LUCAS COELHO
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IN "PÚBLICO"
08/04/14
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O meu país
não é deste Presidente,
. nem deste Governo
Alexandra Lucas Coelho recebeu nesta segunda-feira o prémio APE pelo romance E a Noite Roda. Este é o texto do discurso que fez, no qual critica o actual poder político.
Quero agradecer em primeiro lugar à equipa da Tinta
da China, minha casa, Bárbara Bulhosa, Inês Hugon, Vera Tavares,
Madalena Alfaia, Rute Dias, Pedro Serpa.
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Agradeço em seguida ao
júri que atribuiu este prémio: Manuel Gusmão, Luís Mourão, Clara Rocha,
Ana Marques Gastão e Isabel Cristina Rodrigues, a quem coube hoje ser
porta-voz, com uma apresentação cuidada e surpreendente de E a Noite Roda.
Não conheço pessoalmente a maioria dos jurados. Ter-me- -ei cruzado um
par de vezes com Ana Marques Gastão e entrevistei há uns 13 anos Manuel
Gusmão. Sendo uma honra a decisão deste júri, a presença nele de um
poeta que tanto admiro, e trago comigo, é uma alegria. Isto,
para usar a palavra que mais associo a Manuel Gusmão, num daqueles
versos que se tornam língua geral, lugar-comum a todos, contra todas as evidências em contrário.
Não
chega dizer que foi uma surpresa a atribuição do prémio. Começou por
ser uma grande surpresa a nomeação, que aconteceu pouco depois de outra:
para o prémio do PEN. E a Noite Roda não tinha sido dos meus
livros mais bem recebidos pela crítica, nem mais vendidos. Passara um
ano e meio sobre a publicação, já nem se encontrava nas livrarias. Eu
estava ocupada com a saída de um novo livro, Vai Brasil, e a
organizar-me para retomar a escrita de um novo romance, situado no Rio
de Janeiro. Se a nomeação para o PEN já me espantara, a do APE
pareceu-me quase inverosímil. Para mais, o naipe de finalistas era não
menos que excelente: um dos grandes prosadores da língua portuguesa,
Mário de Carvalho; dois autores próximos da minha geração que sigo com
respeito, Patrícia Portela e Afonso Cruz; e um poeta, dramaturgo e
novelista que é dos meus mais queridos amigos, Jaime Rocha. Fico muito
contente por ele estar aqui hoje. Fosse eu a decidir, o prémio seria
dele, e da sua novela A Rapariga sem Carne. Foi isso que senti ao saber da nomeação.
Semanas
depois, estava eu sentada no carro da minha editora, Bárbara Bulhosa,
quando me ligam da APE a anunciar a decisão do júri. Pânico, seguido de
alerta: está a brincar comigo, certo?, perguntei ao cavalheiro do outro
lado da linha, que se apresentara como José Correia Tavares, presidente
do júri sem direito a voto. Ele assegurava que não e dava detalhes, que o
júri se reunira três vezes, que a decisão fora por unanimidade, e por
aí fora até que eu já não estava a ouvir, porque só pensava que aquilo
não podia ser a sério. E nos momentos em que acreditava que era, voltava
o pânico: aquilo não me podia estar a acontecer. Como assim o prémio
APE para este romance: um primeiro romance e este romance?
Antes
que eu começasse a explicar ao interlocutor que estava enganado, a
Bárbara decidiu intervir, dando-me ordens em surdina: que aceitasse, que
agradecesse, muito obrigada. E subimos para um consultório, que era ao
que íamos, acabando com a paz da recepcionista, porta-dentro,
porta-fora, mal começaram os telefonemas.
Recentemente, a Tinta da China fez uma edição de bolso de E a Noite Roda,
de que gosto mais do que a primeira, como objecto. Gosto do tamanho,
dos cantos redondos, da capa mole. É maneira, como dizem os brasileiros.
Mas nem a folheei, custa-me olhar para o texto. Na Tinta da China, a
Inês Hugon e a Madalena Alfaia, que com uma paciência oriental asseguram
as revisões, sabem como por mim ficava a cortar provas até à décima,
porque mal entrego o livro já não o posso ver, tudo me parece mal, as
bengalas, os tiques, o excesso.
Sendo a minha primeira experiência de romance, sinto essa distância de hoje em relação ao texto de E a Noite Roda
mais do que em relação a qualquer outro livro meu, talvez porque nos
outros a linguagem esteja mais estabilizada num território com regras.
O
que me interessa no romance não é o género, mas a ausência de género.
Não é poesia e pode ser poesia, não é reportagem e pode ser reportagem,
não é viagem e pode ser viagem, não é teatro, cinema, música,
arquitectura, agricultura, cosmogonia, correspondência, folhetim, banda
desenhada, arquivo, e pode ser tudo isso. Um romance é a liberdade em
extensão. Um território de experimentação com um fôlego considerável,
que ninguém conseguiu ainda circunscrever além disto: prosa, criativa,
de extensão longa, escrita para ser lida.
Uso a palavra romance,
não uso a palavra ficção. Tenho dito e repetido — porque a um jornalista
que escreva romances pergunta-se isso continuamente — que o que
distingue o jornalismo e a literatura não é um ser real e a outra
ficção, mas sim um ser um campo sujeito a regras estabelecidas e a
outra, idealmente, inventar as suas próprias regras.
Por isso,
interessa-me pouco o debate sobre o que neste romance ainda é jornalismo
ou já é romance, ainda é real ou já é ficção, como se houvesse uma
espécie de grau de pureza, que é sempre o princípio de um pensamento
autoritário. Ninguém ainda se tornou dono do que é, ou não chega a ser,
um romance, e é por isso que continua a ser interessante fazer romances,
e que cada um faça o seu. Na verdade, neste campo, quanto à criação,
não há outro lema em que me reconheça tanto: que cada um faça a sua
coisa. Faça o que tem a fazer, contra tudo, contra todos: crime e
castigo, doença e cura, transmigração da alma ou biografia derradeira.
O
que me levou a fazer este romance? O que o distinguia dos livros
anteriores? A possibilidade de um território sem regras para o qual eu
transportasse vários materiais biográficos: amorosos, políticos,
sociais, profissionais. O texto agora entregue a si mesmo, inventando as
suas regras, é que estabeleceria a transição para o romance. Um
não-género fazendo uso de vários géneros, incluindo a reportagem.
Jerusalém
era uma coisa minha, Gaza era uma coisa minha, a experiência de cobrir o
conflito israelo-palestiniano era uma coisa minha, eu queria
transportá-los para o campo literário porque me interessa transportar
para o campo literário tudo o que a experiência tenha tornado coisa
minha. Dito de outra forma, aquilo que é a identidade em movimento.
Não
é diferente do que fará um médico que escreva romances (ou um
arquitecto, um historiador de arte, um diplomata, um advogado, um
professor, um burocrata), sempre com menos explicações do que as que são
cobradas a um jornalista. Nunca começarei a entender porque se estranha
que alguém cujo trabalho é escrever decida escrever outras coisas.
E a Noite Roda
não é sequer o melhor romance que eu podia ter escrito entre 2010 e
2011, os meus últimos meses em Portugal e o meu primeiro ano no Brasil.
Não foi, certamente, o que muita gente achava que eu devia ter feito. É
apenas o que eu precisava de fazer naquele momento para sair do ponto em
que estava. O importante não será fazer o melhor que sabemos, mas o que
precisamos de fazer, mesmo não sabendo, para sair do nosso limite.
Aquilo que nos desloca se estamos fixos, que nos fixa se estamos
deslocados.
Recentemente, numa entrevista, perguntaram-me quem
gostaria eu que escrevesse a minha biografia. É uma daquelas perguntas a
que só podemos responder desabridamente. Respondi que esperava que as
personagens tratassem do assunto e não sobrasse nada. Penso nisso como
uma espécie de teia de Penélope em que o autor se vai construindo nos
livros, ao mesmo tempo que desaparece na vida.
Tudo o que faço é
biografia, idealmente cada vez mais real, independentemente de as
personagens tomarem as minhas circunstâncias, como acontece em E a Noite Roda,
ou não tomarem de todo, como acontece no romance que estou a escrever.
Ninguém pergunta a um poeta se o que está no poema é real ou ficção.
Aquilo é o que é, é dentro da cabeça dele.
O que cada um vive é
seu património inalienável, seu único real património, e é seu direito
fazer disso o que quiser, na intersecção com os outros e o mundo, tendo
como único limite, para mim, não devassar o património de um outro, de
forma reconhecível publicamente.
De resto, o criador não deve
conhecer limites e quanto mais escuro, mais difícil e mais indevassado
melhor. Aquilo que não se pode escrever é o que há a escrever, é o que
falta. Não estamos cá para nos repetirmos nem para nos pouparmos.
Pouparmo-nos para quê? Não acredito na vida além da vida.
Sempre
quis escrever, desde que me lembro. Os livros tinham todas as vidas.
Passei a adolescência a ler romances. Lia os portugueses, os franceses,
os ingleses, os russos, os alemães, mais tarde os americanos, os
japoneses, os levantinos. O mundo não acabava, eu lia e queria sair pelo
mundo. O jornalismo era a possibilidade disso, uma bela possibilidade
quando eu tinha 17 anos e as rádios piratas explodiam, ainda nem havia
TSF, nem PÚBLICO, nem telemóveis, nem computadores pessoais. A minha
geração viveu essa promessa de aventura no trabalho, que hoje parece
arqueológica.
Só fui ler poesia compulsivamente depois dos 20. E a
poesia, como a rádio, mudou, moldou a minha relação com a escrita.
Questão de som, de ritmo, mas também de montagem, de elipse. Não que
escrever poemas fosse a minha coisa, tentei, não era. Ler poemas, sim,
seria parte do que eu tinha para escrever.
Sempre achei que seria
uma questão de tempo começar a fazer livros, e acabei por publicar o
primeiro aos 39 anos. Como seria uma questão de tempo o romance chegar.
Não há abandono de uma coisa por outra, não deixei de ter na cabeça
livros de viagem, reportagem ou crónica, entre os vários romances que
quero fazer. É o jardim dos caminhos que se bifurcam, para citar um
daqueles autores que sempre admirei à distância, porque Borges é de
outra galáxia, de um mundo, digamos, não-carnal. Sou mais do lado Moby
Dick, até ao trespassar da última carne, a do caçador. Moby Dick agora
sem género, ou transgénero. Moby Dick-Orlando, homem e mulher, humano e
animal, deus e demónio. Um Moby Dick antropofágico, depois de ter morado
no Brasil.
Não me interessa a fuga, interessa-me o confronto, o
embate, o arpão no corpo que sempre fugirá. Chamemos-lhe Moby Dick – ou
amor – ou real. A vida verdadeira que é estar aqui a desejar além. A
pulsão da guerra, qualquer espécie de guerra, é a sobrevida: vida
conquistada à morte.
Nenhuma arte é panfleto, se é panfleto, não
era arte. Ao mesmo tempo, toda a arte é política, no sentido em que não
existe sem um outro, que pode ser apenas um. O determinante não é que
sejam muitos, mas que exista uma relação. Que algo actue entre um e
outro.
Este livro é político, como todos os que fiz, como tudo o
que faço, pelo simples facto de me pôr em relação com outros. Estar aqui
hoje é político, falar em público é político. Onde há um colectivo há
política.
O meu feitio seria mais não estar, mas encaro isto como
parte de um trabalho que aceitei fazer desde que comecei a publicar, por
acreditar que podia, devia, contribuir para os livros chegarem a mais
alguém, respeitando eu tanto quem se recusa a fazer isso como quem o
faz, por razões que são de cada um e de mais ninguém.
A minha
opção é política, digamos. Uma forma de participação, de agir além da
militância partidária. A militância não é a minha coisa, ainda bem que é
a coisa de pessoas que admiro, entre as quais conto amigos. A minha
coisa é escrever, falar dos livros, conseguir fazer disso uma acção.
Estou
a voltar de três anos e meio a morar no Brasil. Um dia, a meio dessa
estadia brasileira, pediram-me que gravasse um excerto de um conto de
Clarice Lispector para o site do Instituto Moreira Salles. Era um conto
em que a protagonista era portuguesa, daí o pedido, que a voz
coincidisse com o sotaque. Como detestei aquela portuguesa do conto da
Clarice. Tudo na boca dela era inho e ito. Era o Portugal dos Pequenitos
com a nostalgia das grandezas. Aquele que diz “cá vamos andando com a
cabeça entre as orelhas”, mas sofre de ressentimento. O Portugal que
durante 40 anos Salazar achou que era seu, pobre mas
honesto-limpo-obediente, como agora o Governo no poder quer Portugal,
porque acha que Portugal é seu.
Estou a voltar a Portugal 40 anos
depois do 25 de Abril, do fim da guerra infame, do ridículo império. Já é
mau um governo achar que o país é seu, quanto mais que os países dos
outros são seus. Todos os impérios são ridículos na medida em que a
ilusão de dominar outro é sempre ridícula, antes de se tornar
progressivamente criminosa.
Entre as razões por que quis morar no
Brasil houve isso: querer experimentar a herança do colonialismo
português depois de ter passado tantos anos a cobrir as heranças do
colonialismo dos outros, otomanos, ingleses, franceses, espanhóis ou
russos.
E volto para morar no Alentejo, com a alegria de daqui a
nada serem os 40 anos da mais bela revolução do meu século XX, e de o
Alentejo ter sido uma espécie de terra em transe dessa revolução,
impossível como todas.
Este prémio é tradicionalmente entregue
pelo Presidente da República, cargo agora ocupado por um político,
Cavaco Silva, que há 30 anos representa tudo o que associo mais ao
salazarismo do que ao 25 de Abril, a começar por essa vil tristeza dos
obedientes que dentro de si recalcam um império perdido.
E fogem
ao cara-cara, mantêm-se pela calada. Nada estranho, pois, que este
Presidente se faça representar na entrega de um prémio literário. Este
mundo não é do seu reino. Estamos no mesmo país, mas o meu país não é o
seu país. No país que tenho na cabeça não se anda com a cabeça entre as
orelhas, “e cá vamos indo, se deus quiser”.
Não sou crente,
portanto acho que depende de nós mais do que irmos indo, sempre acima
das nossas possibilidades para o tecto ficar mais alto em vez de mais
baixo. Para claustrofobia já nos basta estarmos vivos, sermos seres para
a morte, que somos, que somos.
Partimos então do zero, sabendo que chegaremos a zero, e pelo meio tudo é ganho, porque só a perda é certa.
O
meu país não é do orgulhosamente só. Não sei o que seja amar a pátria.
Sei que amar Portugal é voltar do mundo e descer ao Alentejo, com o
prazer de poder estar ali porque se quer. Amar Portugal é estar em
Portugal porque se quer. Poder estar em Portugal apesar de o Governo nos
mandar embora. Contrariar quem nos manda embora como se fosse senhor da
casa.
Eu gostava de dizer ao actual Presidente da República, aqui
representado hoje, que este país não é seu, nem do Governo do seu
partido. É do arquitecto Álvaro Siza, do cientista Sobrinho Simões, do
ensaísta Eugénio Lisboa, de todas as vozes que me foram chegando, ao
longo destes anos no Brasil, dando conta do pesadelo que o Governo de
Portugal se tornou: Siza dizendo que há a sensação de viver de novo em
ditadura, Sobrinho Simões dizendo que este Governo rebentou com tudo o
que fora construído na investigação, Eugénio Lisboa, aos 82 anos,
falando da “total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas,
que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História
não confina a míseras notas de pé de página”.
Este país é dos
bolseiros da FCT que viram tudo interrompido; dos milhões de
desempregados ou trabalhadores precários; dos novos emigrantes que vi
chegarem ao Brasil, a mais bem formada geração de sempre, para darem
tudo a outro país; dos muitos leitores que me foram escrevendo nestes
três anos e meio de Brasil a perguntar que conselhos podia eu dar ao
filho, à filha, ao amigo, que pensavam emigrar.
Eu estava no
Brasil, para onde ninguém me tinha mandado, quando um membro do seu
Governo disse aquela coisa escandalosa, pois que os professores
emigrassem. Ir para o mundo por nossa vontade é tão essencial como não
ir para o mundo porque não temos alternativa.
Este país é de todos
esses, os que partem porque querem, os que partem porque aqui se sentem
a morrer, e levam um país melhor com eles, forte, bonito, inventivo.
Conheci-os, estão lá no Rio de Janeiro, a fazerem mais pela imagem de
Portugal, mais pela relação Portugal-Brasil do que qualquer discurso oco
dos políticos que neste momento nos governam. Contra o cliché do
português, o português do inho e do ito, o Portugal do apoucamento.
Estão lá, revirando a história do avesso, contra todo o mal que ela
deixou, desde a colonização, da escravatura.
Este país é do
Changuito, que em 2008 fundou uma livraria de poesia em Lisboa, e depois
a levou para o Rio de Janeiro sem qualquer ajuda pública, e acartou
7000 livros, uma tonelada, para um 11.º andar, que era o que dava para
pagar de aluguer, e depois os acartou de volta para casa, por tudo ter
ficado demasiado caro. Este país é dele, que nunca se sentaria na mesma
sala que o actual Presidente da República.
E é de quem faz arte
apesar do mercado, de quem luta para que haja cinema, de quem não cruzou
os braços quando o Governo no poder estava a acabar com o cinema em
Portugal. Eu ouvi realizadores e produtores portugueses numa conferência
de imprensa no Festival do Rio de Janeiro contarem aos jornalistas
presentes como 2012 ia ser o ano sem cinema em Portugal. Eu fui vendo, à
distância, autores, escritores, artistas sem dinheiro para pagarem
dívidas à Segurança Social, luz, água, renda de casa. E tanta gente
esquecida. E, ainda assim, de cada vez que eu chegava, Lisboa parecia-me
pujante, as pessoas juntavam-se, inventavam, aos altos e baixos.
Não
devo nada ao Governo português no poder. Mas devo muito aos poetas, aos
agricultores, ao Rui Horta, que levou o mundo para Montemor-o-Novo, à
Bárbara Bulhosa, que fez a editora em que todos nós, seus autores,
queremos estar, em cumplicidade e entrega, num mercado cada vez mais
hostil, com margens canibais.
Os actuais governantes podem achar
que o trabalho deles não é ouvir isto, mas o trabalho deles não é outro
se não ouvir isto. Foi para ouvir isto, o que as pessoas têm a dizer,
que foram eleitos, embora não por mim. Cargo público não é prémio, é
compromisso.
Portugal talvez não viva 100 anos, talvez o planeta
não viva 100 anos, tudo corre para acabar, sabemos. Mas enquanto isso
estamos vivos, não somos sobreviventes.
Este romance também é
sobre Gaza. Quando me falam no terrorismo palestiniano confundindo tudo,
Al-Qaeda e Resistência pela nossa casa, pela terra dos nossos
antepassados, pelo direito a estarmos vivos, eu pergunto o que faria se
tivesse filhos e vivesse em 40km por seis a dez de largura, e antes de
mim os meus antecedentes, e depois mim os meus filhos, sem fim à vista.
Partilhei com os meus amigos em Gaza bombardeamentos, faltas de água, de
luz, de provisões, os pesadelos das meninas à noite. Depois de eu
partir a vida deles continuou. E continua enquanto aqui estamos. Mais um
dia roubado à morte.
IN "PÚBLICO"
08/04/14
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HOJE NO
"RECORD"
Andrea Pirlo:
«Lamento muito pelo Benfica»
Andrea Pirlo elogia o Benfica, adversário da sua Juventus nas
meias-finais da Liga Europa, mas lamenta a sorte que calhou aos
encarnados, pois acredita que a sua equipa seguirá em frente para a
final.
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"O que é que penso do Benfica? Bem, que para terem
chegado até esta fase é porque têm sido realmente muito bons. Estão a
fazer uma grande temporada e são uma equipa muito boa tecnicamente... E
que lamento muito por eles", afirmou o médio em entrevista ao jornal
italiano "La Gazzetta dello Sport", sublinhando que "todas as equipas
que chegaram às meias-finais são formidáveis".
Pirlo adiantou
ainda que acredita que a Juventus tem capacidade para se manter na
frente da Serie A e garantir a disputa da final da Liga Europa, que tem
lugar em casa:
"Depois da eliminação na Liga dos Campeões, o
nosso objetivo era claro: ir o mais longe possível na Liga Europa,
motivados por a final ser em Turim"
* Quem fala assim não é gago, oxalá se lixe, contra a Juventus somos todos benfiquistas.
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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"
64% da pobreza mundial
mora em 5 países
Na Índia, China, Nigéria, Bangladesh e República Democrática do Congo há quem viva com 90 cêntimos ou menos por dia.
De acordo com um relatório avançado pelo Banco Mundial na última quinta-feira, 64% da pobreza extrema está localizada em apenas 5 países. India, China, Nigéria, Bangladesh e República Democrática do Congo foram os países apontados.
O índice de pobreza extrema mostra que nestes cinco países há quem viva com 90 cêntimos, ou menos, por dia. O relatório do Banco Mundial vai mais longe e chama a atenção para os países de menor dimensão geográfica que apresentam altos índices de pobreza. Libéria, Burundi, Zâmbia e Madagáscar estão no topo da lista.
Até ao final de 2014 estes dados, que remontam a 2010, serão ainda mais detalhados mas, para já, as conclusões do Banco Mundial apontam para uma descida do índice de pobreza por todo o mundo. Em 1990, 36% da população mundial estava em situação de pobreza extrema, percentagem que decresceu para 18% em 2010.
Durante esta semana o presidente do Banco Mundial fixou uma meta para 2020, "reduzir esta taxa para os 9%".
O Banco Mundial (WGB) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estão reunidos em Washington, Estados Unidos da América, com centenas de governantes de todo o mundo para discutir a economia e o desenvolvimento mundial.
* Notável:
- Índia, o país que se autoproclama como a maior democracia do mundo tem cidadãos com este nível de vida, cerca de 90%.
- China, o império económico emergente, dona de empresas cruciais em Portugal e no resto da Europa, tem cerca de 60% da população a viver com menos de 1€/dia, confrangedor e revelador de que o dinheiro se está maribando para as pessoas. Capitalismo monopolista do estado.
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HOJE NO
"i"
OCDE.
Portugal está entre os salários mais baixos e cobra os impostos mais altos
Em 2013, um salário médio português estava quase 50% abaixo da média da OCDE, mas pagava mais impostos que a média da OCDE
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Lembra-se
daquela "piada" de 2011, quando se garantia que o ajustamento ia ser
feito pela despesa? Pois. O "enorme aumento de impostos" decidido pelo
governo de Portas e Passos vai lentamente dando a conhecer a sua real
dimensão. Para além da explosão das receitas do Estado com o IRS,
principal razão para o governo ter conseguido cumprir a meta do défice,
chegou a hora de comparar a agressividade fiscal portuguesa com a dos
"parceiros" internacionais.
Segundo valores ontem divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), entre 2009 e 2013, o total de fundos que o Estado vai buscar aos salários passou de 36,5% do ordenado bruto para 41,1% do mesmo. É um salto de 4,6 pontos percentuais que colocou o país bem acima da média: entre os 34 países da OCDE, os salários brutos pagavam em média 35,9% de imposto em 2013. Esta diferença significa que um ordenado bruto de 1200 euros vale 707 euros líquidos em Portugal e 762 euros na média dos países da OCDE. Os 41,1% de impostos sobre os salários pagos cá incluem a cobrança de 13% de IRS, 8,9% de contribuição para a segurança social por parte do trabalhador e de 19,2% de taxa social única (TSU), e pressupõe um salário médio.
Portugal com este salto na carga fiscal sobre os salários passou a situar-se na 12ª posição mais elevada entre os 34 países da OCDE. É de salientar, porém, que se olharmos para a tabela dos salários médios brutos, vemos que o mercado português paga quase menos 50% que a média da OCDE - 23 098 euros anuais contra 43 523 euros. Ou seja, os trabalhadores em Portugal não só recebem cerca de metade do que é pago em média aos trabalhadores da OCDE, como pagam mais impostos sobre esse valor (incluindo a TSU paga pelas empresas).
Além de os impostos sobre o trabalho estarem hoje bem acima da média da OCDE, também ao olhar para a evolução anual do peso da fiscalidade nos ordenados vemos como a política portuguesa foi no sentido oposto à seguida pelos restantes países: segundo a OCDE, em Portugal e de 2012 para 2013, a carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho subiu 3,54 pontos percentuais, já nos 34 países da OCDE a carga subiu em média 0,2 pontos. Registaram-se descidas em onze países, incluindo a Grécia que ainda assim ficou com uma carga fiscal mais elevada que a portuguesa.
Só no ano passado, o Estado foi buscar aos rendimentos de trabalhadores e pensionistas mais 3,2 mil milhões de euros em receitas de IRS, um crescimento de 35,5% que, individualmente, terá tido um impacto mais elevado já que em 2013 o imposto recaiu sobre menos contribuintes que em 2012. No total da receita fiscal, e também de 2012 para 2013, a factura do que o Estado foi buscar à economia passou de 9,1 mil milhões de euros para 12,3 mil milhões de euros.
* Um governo sem vergonha como o nosso não liga patavina a estas ponderações.
Segundo valores ontem divulgados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), entre 2009 e 2013, o total de fundos que o Estado vai buscar aos salários passou de 36,5% do ordenado bruto para 41,1% do mesmo. É um salto de 4,6 pontos percentuais que colocou o país bem acima da média: entre os 34 países da OCDE, os salários brutos pagavam em média 35,9% de imposto em 2013. Esta diferença significa que um ordenado bruto de 1200 euros vale 707 euros líquidos em Portugal e 762 euros na média dos países da OCDE. Os 41,1% de impostos sobre os salários pagos cá incluem a cobrança de 13% de IRS, 8,9% de contribuição para a segurança social por parte do trabalhador e de 19,2% de taxa social única (TSU), e pressupõe um salário médio.
Portugal com este salto na carga fiscal sobre os salários passou a situar-se na 12ª posição mais elevada entre os 34 países da OCDE. É de salientar, porém, que se olharmos para a tabela dos salários médios brutos, vemos que o mercado português paga quase menos 50% que a média da OCDE - 23 098 euros anuais contra 43 523 euros. Ou seja, os trabalhadores em Portugal não só recebem cerca de metade do que é pago em média aos trabalhadores da OCDE, como pagam mais impostos sobre esse valor (incluindo a TSU paga pelas empresas).
Além de os impostos sobre o trabalho estarem hoje bem acima da média da OCDE, também ao olhar para a evolução anual do peso da fiscalidade nos ordenados vemos como a política portuguesa foi no sentido oposto à seguida pelos restantes países: segundo a OCDE, em Portugal e de 2012 para 2013, a carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho subiu 3,54 pontos percentuais, já nos 34 países da OCDE a carga subiu em média 0,2 pontos. Registaram-se descidas em onze países, incluindo a Grécia que ainda assim ficou com uma carga fiscal mais elevada que a portuguesa.
Só no ano passado, o Estado foi buscar aos rendimentos de trabalhadores e pensionistas mais 3,2 mil milhões de euros em receitas de IRS, um crescimento de 35,5% que, individualmente, terá tido um impacto mais elevado já que em 2013 o imposto recaiu sobre menos contribuintes que em 2012. No total da receita fiscal, e também de 2012 para 2013, a factura do que o Estado foi buscar à economia passou de 9,1 mil milhões de euros para 12,3 mil milhões de euros.
* Um governo sem vergonha como o nosso não liga patavina a estas ponderações.
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A portuguesa Victoria Kaminskaya bateu, esta sexta-feira, o recorde nacional dos 400 estilos, sexta classificada na final do Open de Espanha, com 4.49,60 minutos.
A atleta do Pimpões/Cimai retirou 16 centésimos ao anterior recorde. «Vinha com expectativas de bater o recorde nacional e consegui. Estou muito contente. De alguma forma, foi uma recompensa depois da lesão que tive. Por isso, vim com mais força e motivada neste regresso à seleção», referiu, citada pelo site da federação.
Kaminskaya, que confirmou os mínimos para os Europeus de Berlim, salientou ainda que neste Open de Espanha, que decorre em Maiora, pretende bater o recorde nacional nos 200 estilos.
Em prova estiveram ainda Alexis Santos, que conquistou a medalha de prata nos 400 estilos, com 4.17,62 minutos, confirmando também os mínimos para os Europeus. Pedro Oliveira foi quarto classificado na final dos 50 metros costas, com novo recorde pessoal (26,02 segundos). Na final dos 100 mariposa,Miguel Nascimento foi quinto com 54,24 e Nuno Quintanilha terminou em nono com 55,25. Nos 200 metros livres, Luís Vaz foi sexto com 1.51,37, enquanto Mário Pereira foi sétimo com 1.51,50
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HOJE NO
"A BOLA"
Victoria Kaminskaya bate recorde
nacional dos 400 metros estilos
A portuguesa Victoria Kaminskaya bateu, esta sexta-feira, o recorde nacional dos 400 estilos, sexta classificada na final do Open de Espanha, com 4.49,60 minutos.
A atleta do Pimpões/Cimai retirou 16 centésimos ao anterior recorde. «Vinha com expectativas de bater o recorde nacional e consegui. Estou muito contente. De alguma forma, foi uma recompensa depois da lesão que tive. Por isso, vim com mais força e motivada neste regresso à seleção», referiu, citada pelo site da federação.
Kaminskaya, que confirmou os mínimos para os Europeus de Berlim, salientou ainda que neste Open de Espanha, que decorre em Maiora, pretende bater o recorde nacional nos 200 estilos.
Em prova estiveram ainda Alexis Santos, que conquistou a medalha de prata nos 400 estilos, com 4.17,62 minutos, confirmando também os mínimos para os Europeus. Pedro Oliveira foi quarto classificado na final dos 50 metros costas, com novo recorde pessoal (26,02 segundos). Na final dos 100 mariposa,Miguel Nascimento foi quinto com 54,24 e Nuno Quintanilha terminou em nono com 55,25. Nos 200 metros livres, Luís Vaz foi sexto com 1.51,37, enquanto Mário Pereira foi sétimo com 1.51,50
* Fruto do trabalho
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HOJE NO
"AÇORIANO ORIENTAL"
Papiro controverso que evoca "a mulher de Jesus" não é uma falsificação
As análises científicas de um papiro muito controverso, no qual é
mencionado "a mulher de Jesus", revelaram que este documento é antigo e
as suas origens remontam entre o VI e o IX séculos.
Um estudo divulgado na quinta-feira nos Estados Unidos refere
que este documento, revelado em 2012 por Karen King, professora de
história na Universidade de Harvard Divinity, é quase de certeza um
papiro antigo e não uma falsificação feita recentemente.
Este documento, que sugere que Cristo era casado, foi recebido com grande ceticismo no Vaticano e pelos historiadores, que concluíram que provavelmente era uma farsa, citando a sua origem desconhecida, a forma dos carateres das letras e os erros gramaticais.
Trata-se de um fragmento de papiro com 3,8x7,6 cm, no qual estão escritas as frases em língua copta: "Jesus disse-lhes: ‘Minha esposa’" e "Ela poderá ser minha discípula".
Estas frases suscitaram o debate em algumas igrejas sobre o celibato dos sacerdotes e o facto de as mulheres poderem exercer o sacerdócio ministerial.
Nenhum evangelho menciona que Jesus foi casado ou tinha discípulos mulheres.
Karen King observa que este documento não prova que Jesus era casado: "Este texto sublinha apenas que as mulheres, mães e esposas, também poderiam discípulas de Jesus”, um assunto que foi objeto de um debate apaixonado sobre o início do cristianismo.
As análises científicas concluíram que o papiro, a tinta, a escrita e a estrutura gramatical indicam que este documento é antigo e a sua data sua origem será entre o VI e o IX séculos.
"Todas essas análises e o contexto histórico indicam que este papiro é quase de certeza produto dos antigos cristãos e não uma falsificação recente”, revela o estudo publicado na “Harvard Theological Review".
Este documento foi submetido a diferentes técnicas de datação por cientistas na Universidade de Columbia, Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
"Esses investigadores concluíram que a composição química do papiro e sua oxidação correspondem ao papiro antigo, como o Evangelho de São João", refere o estudo.
Estas conclusões não têm convencido todos os historiadores.
Para Leo Depuydt, egiptólogo na Brown University, estas análises não provam a autenticidade do documento.
Em declarações a agência France Presse, Leo Depuydt explicou que é fácil conseguir folhas de papiro antigo no mercado.
Além disso, as análises da tinta não provam a data de origem, mas apenas que a composição é semelhante à da velha tinta, adiantou.
Leo Depuydt disse ainda que “os erros gramaticais" e as frases escritas, à exceção da “mulher de Jesus”, são idênticas às do Evangelho de Tomé, um antigo texto descoberto em 1945.
"Não pode ser uma coincidência", sublinhou o egiptólogo, que considera "suspeito" que o proprietário deste papiro permaneça anónimo.
* Torna-se importante saber se este documento é verdadeiro, ainda não está provado. Isto não invalida que a vida de Cristo não foi a fábula que a Bíblia conta.
Este documento, que sugere que Cristo era casado, foi recebido com grande ceticismo no Vaticano e pelos historiadores, que concluíram que provavelmente era uma farsa, citando a sua origem desconhecida, a forma dos carateres das letras e os erros gramaticais.
Trata-se de um fragmento de papiro com 3,8x7,6 cm, no qual estão escritas as frases em língua copta: "Jesus disse-lhes: ‘Minha esposa’" e "Ela poderá ser minha discípula".
Estas frases suscitaram o debate em algumas igrejas sobre o celibato dos sacerdotes e o facto de as mulheres poderem exercer o sacerdócio ministerial.
Nenhum evangelho menciona que Jesus foi casado ou tinha discípulos mulheres.
Karen King observa que este documento não prova que Jesus era casado: "Este texto sublinha apenas que as mulheres, mães e esposas, também poderiam discípulas de Jesus”, um assunto que foi objeto de um debate apaixonado sobre o início do cristianismo.
As análises científicas concluíram que o papiro, a tinta, a escrita e a estrutura gramatical indicam que este documento é antigo e a sua data sua origem será entre o VI e o IX séculos.
"Todas essas análises e o contexto histórico indicam que este papiro é quase de certeza produto dos antigos cristãos e não uma falsificação recente”, revela o estudo publicado na “Harvard Theological Review".
Este documento foi submetido a diferentes técnicas de datação por cientistas na Universidade de Columbia, Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
"Esses investigadores concluíram que a composição química do papiro e sua oxidação correspondem ao papiro antigo, como o Evangelho de São João", refere o estudo.
Estas conclusões não têm convencido todos os historiadores.
Para Leo Depuydt, egiptólogo na Brown University, estas análises não provam a autenticidade do documento.
Em declarações a agência France Presse, Leo Depuydt explicou que é fácil conseguir folhas de papiro antigo no mercado.
Além disso, as análises da tinta não provam a data de origem, mas apenas que a composição é semelhante à da velha tinta, adiantou.
Leo Depuydt disse ainda que “os erros gramaticais" e as frases escritas, à exceção da “mulher de Jesus”, são idênticas às do Evangelho de Tomé, um antigo texto descoberto em 1945.
"Não pode ser uma coincidência", sublinhou o egiptólogo, que considera "suspeito" que o proprietário deste papiro permaneça anónimo.
* Torna-se importante saber se este documento é verdadeiro, ainda não está provado. Isto não invalida que a vida de Cristo não foi a fábula que a Bíblia conta.
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