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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS
DA MADEIRA"
Estudo questiona “obsessão”
com redução salarial e sugere
redução de custos de contexto
O primeiro Caderno do Observatório sobre Crises e Alternativas
questionou hoje o que considerou a “obsessão” com as reduções salariais e
frisou que os serviços consumidos pelas empresas representam, em média,
quase o dobro dos custos com pessoal.
O documento intitulado "Quanto é que os salários teriam de descer
para tornar a economia portuguesa competitiva?" e publicado pelo Centro
de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, refere que, entre 2010 e
2011 e segundo o Instituto Nacional de Estatística, o “custo das
mercadorias vendidas e dos materiais consumidos correspondeu a cerca de
185 mil milhões de euros, enquanto o custo total do fornecimento de
serviços externos se situou nos 85 mil milhões de euros, um valor
bastante superior aos gastos com pessoal”.
Segundo o caderno, “quando se analisam as diferentes atividades,
repara-se que os serviços consumidos são sempre superiores aos gastos
com pessoal. Se no total representam 1,75 vezes os gastos com pessoal,
na indústria transformadora representam 1,25 vezes, no comércio 1,55
vezes, na construção 2,65 vezes mais e nos transportes três vezes mais”.
“Qualquer redução percentual nesses serviços teria um efeito superior
nos excedentes brutos de exploração das empresas ao da redução
salarial. Mas se assim é, legítimo será suscitar a questão: de onde vem a
obsessão pela flexibilização dos gastos com pessoal como forma de se
ganhar competitividade externa quando, na verdade, não será por aí que
se conseguem maiores ganhos de competitividade?”, questionam os autores
do relatório, João Ramos de Almeida e José Castro Caldas.
Numa secção de contexto, o texto recorda que “entre 1996 e 2007, em
termos reais, os salários cresceram 11% e a produtividade 15%”, o que,
ao verificar uma evolução salarial a par da produtividade, faz com que
“atribuir a perda de competitividade a um aumento desproporcionado nos
salários não tenha fundamento”.
Os autores recordam que, numa empresa
média, “por cada unidade percentual de redução dos gastos de pessoal, o
seu impacto potencial no valor final da produção será apenas de 0,21%”,
pelo que sublinham que “a redução dos salários tem portanto um fraco
impacto na competitividade preço das empresas e, ao mesmo tempo, dado o
baixo nível dos salários médios, um enorme impacto social”, o que não
impede que a pressão para a descida dos salários se mantenha.
Assim, justifica-se que “os dirigentes das confederações patronais
tenham, desde sempre, chamado a atenção para a necessidade, sim, da
redução dos custos de financiamento, de energia e de comunicação, mais
do que os custos com salários, embora tenham aceitado as políticas de
redução salarial”.
Dessa forma, os autores destacam que o próprio Memorando de
Entendimento entre o Governo e a 'troika' (Banco Central Europeu,
Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) estabelecia, em 2011,
“a necessidade de uma redução daquilo que lá se denomina de ‘rendas
excessivas’ dos serviços prestados às empresas ou, de outra forma, dos
‘custos de contexto’, embora nada tenha sido conseguido desde 2011,
apesar de estar no programa eleitoral do PSD e no Memorando de
Entendimento”.
De acordo com o relatório, “os lucros da EDP, da Portugal Telecom e
outras operadoras, da banca, e de todas as entidades que prestam
serviços às empresas teriam de ser reduzidos substancialmente, de modo a
diminuir o seu peso no total da produção das empresas”.
* O nosso governo é obcecado primário pela "miséria p'ra quem trabalha"!
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