07/12/2014

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ESTA SEMANA NA
"VISÃO"

Intriga na Diocese do Porto 

São dezenas as cartas falsas a circular. E uma carta verdadeira a remeter para uma acusação de pedofilia. A Igreja e a PJ investigam

Não há memória de um desassossego assim. Dezenas de cartas anónimas, com identidades e moradas falsas, circulam por várias paróquias e instituições particulares de solidariedade social, questionando atos de gestão financeira, ordenados altos, favores políticos ou amizades com a maçonaria. Cónegos, padres e vigários gerais andam inquietos e intrigados com a dimensão do fenómeno, embora sigam o lema de que "cartas anónimas vão para o lixo". 

OS BÓRGIAS DE ONTEM IGUAIS AOS DE HOJE

Mas uma outra carta, devidamente assinada pelo padre Roberto Carlos, então colocado na paróquia de Canelas, em Vila Nova de Gaia, e dirigida ao bispo do Porto, António Francisco dos Santos, foi "entregue às autoridades civis e eclesiásticas", por conter uma ameaça de divulgação pública de um caso de pedofilia na Igreja. Os alarmes soaram mais fortemente quando parte do conteúdo desta missiva chegou ao Correio da Manhã.

Sigamos o rasto da polémica e vamos dar à freguesia de Canelas. O padre Roberto Carlos andava de candeias às avessas com o anterior bispo, D. Clemente, por causa dos gastos numa estátua de homenagem a um outro padre da paróquia. Em abril, toma posse ?D. Francisco. No verão, o novo bispo procede à transferência de 41 padres. Entre estes, figura Roberto Carlos, que não aceita a transferência, provocando grande agitação no seu "rebanho". É por esta altura, que começam a circular as tais cartas anónimas. E, desde então, Canelas é palco de sucessivas manifestações de revolta. 

Em setembro, Roberto Carlos escreveu ao bispo, em jeito de chantagem: ou ficava onde estava ou tornava público um caso de pedofilia, ocorrido em 2003, na Comunidade Dehoniana de Duas Igrejas, alegadamente protagonizado por um padre neste momento colocado numa paróquia do Norte. O bispo não cedeu à chantagem e exigiu que saísse no final de outubro. Até que, na semana passada, o Correio da Manhã recebeu um mail com a denúncia do caso de pedofilia, enviado do gabinete de comunicação da diocese, cujo responsável, Américo Aguiar - e um dos alvos de algumas das cartas anónimas - diz nunca ter enviado. O caso saltou para as páginas dos jornais, o padre acusado de pedofilia suspendeu a atividade e prometeu processar Roberto Carlos. De sacristia em sacristia, uma intriga sem fim.

* O que mais não falta no Estado colonialista do Vaticano é a intriga fedorenta, a colónia lusitana não podia ser excepção.

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