16/12/2014

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HOJE NO
"PÚBLICO"

No ano das decapitações, morreram 66
. jornalistas em todo o mundo

Foram mortos 66 jornalistas no último ano, sobretudo na Síria, onde uma guerra civil persiste e um grupo terrorista impôs uma “ditadura brutal sobre as notícias e a informação”. Os dados revelados esta terça-feira pelos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) mostram ainda que houve mais raptos de jornalistas em 2014, engrossando o número de reféns por todo o mundo.

Em comparação com o ano anterior, em que morreram 71, em 2014 até foram assassinados menos profissionais de informação. Porém, as decapitações dos norte-americanos James Foley e Steven Sotloff às mãos dos jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico chocaram o mundo. “Raramente os jornalistas foram mortos com um tal propósito de propaganda”, nota a organização não-governamental. 
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Foi na Síria – tal como no ano passado – que mais jornalistas foram mortos, com 15 casos. Mas, ao contrário de 2013, este ano viu o recrudescimento e a emergência de novos conflitos. Foi o caso da Palestina, onde morreram sete jornalistas, e da Ucrânia, onde seis perderam a vida durante a cobertura da guerra civil no Leste do país.

Os autores do relatório anual dos RSF notam ainda que foram mortos menos jornalistas em países em paz, como o México, a Índia ou o Paquistão, mas que foram mortas seis mulheres jornalistas, o dobro face a 2013, em países como o Iraque, o Egipto ou a República Centro-Africana.

Se as mortes de jornalistas desceram, os raptos, por outro lado, subiram no último ano. Em todo o mundo foram, ou continuaram, raptados 119 profissionais dos media, uma subida de mais de 30% em relação a 2013, em que se registaram 87 raptos. Na Ucrânia foram raptados 33 jornalistas, sobretudo nas áreas do Leste afectadas pelo conflito armado entre o Exército e as milícias pró-russas. Com 29, a Líbia, onde o vazio do poder deu origem a lutas entre vários grupos locais, é outro dos principais focos de raptos. O Leste do país é definido pela organização como uma região onde “é necessária muita coragem para andar com uma câmara ou uma carteira profissional”. São sobretudo os jornalistas locais que sofrem as consequências do seu trabalho, representando 90% das vítimas de raptos. Actualmente há 40 jornalistas reféns de grupos armados e três jornalistas-cidadãos, 22 dos quais na Síria.

Vários países do planeta continuam a funcionar como autênticas “prisões para jornalistas”. No total, são 178 os jornalistas presos por causa da sua actividade, em países como a China (29), a Eritreia (28) e o Irão (19). Nas prisões estão também 178 jornalistas-cidadãos.
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As detenções de jornalistas sofreram um ligeiro aumento, com 853 prisões durante este ano. É na Ucrânia que estas detenções foram mais comuns (47), sobretudo por causa dos checkpoints nas áreas de combate, controlados tanto pelas forças governamentais como pelos rebeldes, onde os jornalistas são detidos “com mão pesada e libertados horas depois sem que lhes seja dada qualquer explicação pela sua prisão”. No Egipto, o regime do Presidente, Abdel Fattah al-Sisi, deteve 46 jornalistas com “pretextos tais como serem simpatizantes da Irmandade Muçulmana, colocarem em perigo a unidade nacional ou por incitarem à violência ou aos protestos”.

A perseguição de regimes autoritários fez disparar o número de profissionais que abandonaram os seus países. Foram 139 os jornalistas que este ano fugiram à repressão nos seus países, o dobro daqueles que o tinham feito no ano anterior. A degradação da situação da Líbia está a fazer do país um local onde é cada vez mais perigoso ser jornalista e foi de lá que fugiu o maior número de profissionais (43), seguido da Síria (37) e da Etiópia (31), onde foi lançada uma perseguição aos media privados.

* Uma notícia dolorosa e grave.


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