24/12/2014

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HOJE NO
 "OBSERVADOR"

Em 2014, morreu um nepalês a cada dois
. dias nas obras para o Mundial do Qatar 

 Operários estrangeiros nas obras para o Mundial vivem e trabalham em condições extremas, por vezes próximas da escravatura. Qatar prometeu fazer mudanças, mas pouco parece ter sido feito.

Durante 2014, morreu um trabalhador nepalês a cada dois dias nas obras de construção das infraestruturas para o Mundial do Qatar, previsto para 2022. Essa média é avançada pelo jornal inglês The Guardian, que diz que o número total de nepaleses mortos entre o início do ano e meados de novembro estará algures entre os 157 e os 188.


Segundo os dados oficiais do Nepal, terão morrido 157 trabalhadores daquele país no Qatar. Destes, 75 morreram com problemas cardíacos e mortes súbitas e 34 foram vitimados por acidentes de trabalho. As organizações de defesa dos direitos humanos vêm há muito denunciando as condições de trabalho no Qatar, onde as altas temperaturas a que os trabalhadores são sujeitos torna mais prováveis problemas de saúde súbitos.

Os números agora revelados pelo Guardian dizem apenas respeito aos trabalhadores nepaleses, deixando de fora os milhares de outros, provenientes de países como a Índia, o Bangladesh e o Sri Lanka, que também estão envolvidos na construção das infraestruturas para o Mundial do Qatar.
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Em setembro de 2013, o jornal inglês já publicara uma grande reportagem em que denunciava que a maioria dos operários estrangeiros vivia e trabalhava em condições próximas da escravatura – e apontava que, no final das obras, tivessem morrido quatro mil pessoas nos trabalhos. Na sequência dessa investigação, o governo do Qatar admitiu que, entre 2012 e 2013, tinham morrido nas obras 964 trabalhadores nepaleses, indianos e do Bangladesh. Na mesma altura, os responsáveis governamentais comprometeram-se a melhorar a situação desses trabalhadores, mas organizações como a Human Rights Watch acusam o Qatar de nada ter feito.

“É responsabilidade do Qatar perceber se as mortes estão relacionadas com as condições de vida e trabalho”, afirma Nicholas McGeehan, daquela entidade, acusando o governo daquele país de se ter recusado a “iniciar uma investigação imediata a essas mortes”. Em novembro passado, a Amnistia Internacional também já tinha acusado as autoridades do Qatar de ter dado passos “insuficientes” nesta matéria.

* As federações cujas selecções fossem qualificadas para a fase final do campeonato do mundo deveriam recusar-se a competir no Qatar, os estádios estão manchados de sangue, já várias vezes o referimos.

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