29/11/2014

LUÍS SENA-LINO

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a_falar_nos_
(des)entendemos 

Por regra as pessoas falam mal. Não que falem mal de alguém, porque isso é com elas. Falam mal porque usam mal a língua portuguesa. Erros gramaticais, erros de concordância, tempos verbais errados e uma palete de inovações que destroem um património comum verdadeiramente incalculável. Não, as pessoas não têm noção do quanto degradam a sua identidade nacional, o seu espaço e a sua individualidade utilizando mal a sua língua.

A linguagem não é uma ferramenta para exprimirmos o nosso pensamento. A linguagem é o pensamento. Narrativas mais confusas, erróneas e menos precisas mostram também um pensamento menos fluente. Numa palavra; falar mal é pensar mal. A palavra é o pensamento.  

Quando pensamos em abstrato, de olhos fechados e sem verbalizar, estamos a pensar com palavras. São as palavras que povoam a nossa memória, o nosso pensamento e a nossa imaginação. E pensar em português é seguramente muito diferente do que pensar em inglês ou alemão, apenas como exemplo.

Ora; aqui chegados torna-se fácil perceber que a forma como nos exprimimos é exatamente proporcional à nossa capacidade de pensar. A linguagem não é um meio para o pensamento; é o próprio pensamento.

Neste contexto as novas redes sociais móveis de que já aqui me confessei grande adepto (instagram ou twitter) educam-nos numa linguagem minimal, uniforme e demasiado simplista, que só nos reduzem e atomizam na forma como nos exprimimos.

E por último: escrever fácil é, seguramente, um exercício difícil.

IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
28/11/14


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