30/11/2014

HELENA GARRIDO

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Dividir para reinar

A falta de diálogo e confiança entre as autoridades que têm a responsabilidade de supervisionar o sector financeiro é mais uma forma de dar poder a quem já tem tanto.

Na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES que se iniciou esta semana, os supervisores da banca, dos seguros e do mercado de capitais guardaram segredos uns dos outros que poderiam ter contribuído para, em cooperação, resolverem mais rapidamente o problema criado pela família Espírito Santo no BES.

A criação de um Conselho que reúne todos os supervisores foi, na altura, uma resposta a esta falta de interligação entre os polícias do mercado e os do sector financeiro. Mas como nada se resolve criando instituições, tudo parece ter ficado na mesma.

Pelo que se começa a perceber, no mínimo a 31 de Julho, quinta -feira, os grandes investidores institucionais já sabiam que se preparava uma intervenção no BES, num modelo em que os accionistas perderiam tudo, mas a negociação em Bolsa prosseguiu até sexta-feira a meio da tarde. A negociação foi suspensa depois de um telefonema do governador do Banco de Portugal ao presidente da CMVM que poderia ter sido feito bastante antes.

Dividir para reinar, ou para ganhar milhões, é uma regra bem conhecida. Por mais instituições que se criem, por mais leis que se façam, se as autoridades não cooperarem haverá sempre alguém a fazer dinheiro com a falta de uma informação que só alguns têm.

IN "SÁBADO"
27/11/14


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