13/11/2014

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"JORNAL DE NOTÍCIAS"


Morreu Fernando de Mascarenhas, 
o 12.º marquês de Fronteira 

 Fernando de Mascarenhas, de 69 anos, presidente da Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, morreu esta quarta-feira em Lisboa.

Fernando José Fernandes Costa de Mascarenhas era o 12.º marquês de Fronteira, 10.º marquês de Alorna e 13.º conde da Torre, e representava a nasceu em lisboa, a 15 de abril de 1947. Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, lecionou na Universidade de Évora durante oito anos.

Conhecido pelo título de marquês de Fronteira, Fernando de Mascarenhas, numa entrevista à Lusa, na década de 1990, sublinhou: "Os privilégios trazem consigo responsabilidades".

Em 1989, instituiu a Fundação das Casa de Fronteira e Alorna, com fins culturais, científicos e educativos. 

Desde então, no âmbito da Fundação, realizou regularmente iniciativas ligadas à literatura, à arte e à música, tanto no palácio de século XVII, em Lisboa, em S. Domingos de Benfica, como no espaço em Ponte de Sor e na Herdade da Torre, de 7.900 hectares, em Torre das Vagens, no distrito de Portalegre.

Fernando de Mascarenhas foi um opositor ao regime de ditadura, anterior ao 25 de Abril de 1974, tendo sido conhecido como "marquês vermelho". No seu palácio, em S. Domingos de Benfica, realizaram-se várias reuniões de oposicionistas.

Na entrevista à Lusa afirmou-se como "um liberal de esquerda", "homem avidamente interessado na cultura" e um cidadão do mundo. Viajar era, aliás, umas das suas paixões, como afirmou.

Nos últimos quatro anos, Fernando de Mascarenhas desenvolveu como "hobby" o interesse pela manufatura de joias em prata e pedras semipreciosas, tendo realizado algumas exposições no palácio.
Em 1994 publicou "Sermão ao meu Sucessor - Notas para uma Ética da Sobrevivência", que apresentou na sala das batalhas do palácio. Casado duas vezes, impossibilitado de ter filhos devido a "um problema endócrino", detetado aos 14 anos, como revelou numa entrevista à imprensa, designou como sucessor seu "primo António".

António é "aquele que a transição nobre determina", afirmou Fernando de Mascarenhas acrescentando em seguida: "Quando nasceu, já sabia que seria o meu sucessor. Não é tê-lo escolhido. É prestar-lhe uma atenção particular por isso. Não tenho uma relação muito próxima, exatamente porque não é meu filho. Gosto muito do António, acho que ele gosta de mim, mas os pais são os pais. Tenho muito pudor em entrar pelas pessoas adentro, sobretudo se a relação não for de igualdade".
Fernando de Mascarenhas abre o "Sermão" com a frase: "Sê primeiro um homem e, depois, só depois, mas logo depois, um aristocrata". 

Nessa mesma entrevista confessa-se "narcisista", eleitor de ficção científica.

O velório de Fernando de Mascarenhas realiza-se esta quarta-feira, na sala das batalhas do palácio de Fronteira, em São Domingos de Benfica, realizando-se o funeral na quinta-feira à tarde, assim como a cerimónia de cremação, disse à Lusa fonte da Fundação, sem acrescentar pormenores.

* Não morreu só um nobre, morreu nobreza de carácter, característica cada vez mais rara no país.


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