05/10/2014

.

ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"

Porque gostamos tanto de cães e gatos

Naquele dia de 2004, quando percebeu que algo não estava bem com o Metralha, Pedro Barros Pereira ( saiu da praia de Ponta do Ouro, no Sul de Moçambique, e meteu-se no jipe com o dálmata. Uma hora e pouco depois já tinha percorrido os 170 km que, garante, nunca tinha feito em menos de quatro horas, e estava a chegar ao veterinário em Maputo. 


Nunca mais se lembrou de que era o dia do seu aniversário. E, feito o diagnóstico, nem hesitou sobre se seria sensato ou não deslocar-se à África do Sul sempre que era preciso comprar a ração caríssima que o cão, com problemas renais, a partir daí passou a ter de comer – “Só lá é que havia, ia e pronto.”

Quando, em Novembro do ano passado, a namorada, por telefone e com saudades, ameaçou abrir o portão da casa na Quinta da Marinha para que o Zephyr fugisse e se perdesse, Jonathan Brum da Silva decidiu que estava tudo acabado – “Uma mulher para estar comigo tem de aceitar que eu tenho um cão, que amo o meu cão e que faço tudo por ele.” 

Ao procurar casa em Lisboa, ainda ponderou sobre se devia arrendar um apartamento ou, pelo dobro ou mais, uma moradia de dois pisos e jardim onde o labrador pudesse passar os dias. Ganhou a segunda opção.

Depois de lhe ter colocado um chip, de o ter vacinado contra a raiva, e de lhe ter tirado sangue e enviado a amostra para o único laboratório credenciado pela União Europeia em todo o estado de São Paulo, Ana Geraldo recebeu o CZI (Certificado Zoossanitário Internacional) do Mingau. Só faltava marcar as viagens de regresso a Lisboa, depois de quatro anos em doutoramento no Brasil. O gato veio em voo directo, desde o aeroporto de Campinas – 10 horas. 

Ela passou pela Colômbia e por Espanha antes de chegar a Portugal, 28 horas depois do embarque – “Já não tinha dinheiro para dois bilhetes directos mas não queria sujeitá-lo a escalas, portanto fi-las eu.”

Seria óbvio perguntar o que estas três histórias têm em comum, por isso a questão é outra: acha que os comportamentos destes donos foram a) absurdos ou b) banais? Se respondeu a), é claro que nunca teve nenhum animal de estimação, mas continue a ler. Se escolheu b), continue a fazer festas ao seu cão/gato – e não pare também de ler. A resposta certa era a c), os comportamentos de Pedro Barros Pereira, 36 anos, consultor de gestão; Jonathan Brum da Silva, 26 anos, consultor e supervisor financeiro do Banco de Portugal; e Ana Geraldo, 32 anos, investigadora e engenheira zootécnica, são só o reflexo de 2,6 milhões de anos de evolução humana. Quem o garante é a antropóloga americana Pat Shipman, da Penn State University, que em 2011 publicou ‘The Animal Connection’ (A ligação aos animais, em português) e propôs uma nova teoria para explicar as relações tão fortes entre seres humanos e animais de estimação (nomeadamente cães e gatos): “O papel dos animais na nossa evolução para Homo Sapiens não foi acidental, foi essencial – foram eles que nos fizeram humanos.”

De acordo com a investigadora, a atenção dada aos outros predadores e a análise dos seus hábitos foi essencial para que os ancestrais do Homem conseguissem levar-lhes a melhor, deixando de ser presas, sobrevivendo e passando eles próprios à condição de caçadores, o que lhes permitiu aceder aos alimentos mais proteicos – que fizeram depois com que os cérebros se desenvolvessem e aumentassem de tamanho. Segundo a antropóloga, a domesticação de animais (que terá tido início há 32 mil anos) é mais um passo nesta cadeia de evolução: depois de gerações a estudá-los, os humanos decidiram tirar partido directo dos animais, utilizando-os como “ferramentas vivas”. Isso explica, diz Shipman, por que motivos os humanos têm tanto apreço por eles: observá-los e viver com eles está-nos no ADN. “O estabelecimento de relações íntimas com outros animais é único e universal à nossa espécie. Nenhum outro mamífero adopta outras espécies no mundo selvagem – as gazelas não tomam conta de chitas bebés, e os leões da montanha não criam veados.”

Em Portugal, as estatísticas apontam nesse sentido: em 2012, e apesar da crise, a percentagem de casas com animais subiu dois pontos. Segundo o estudo GfKTrack2Pets, feito pela GfK, uma das maiores empresas internacionais de estudos de mercado, em metade das casas do País há pelo menos um animal. Os cães ganham (estão em 34% dos lares), os gatos vêm logo a seguir (17%). Segundo os últimos números divulgados pela Sociedade Mundial para a Protecção dos Animais, em 2007 havia mais de 1,8 milhões de cães domésticos em Portugal. Gatos eram 993 mil. As motivações dos donos podem variar. O que não se altera é a ciência por trás delas.


Em 2011, um grupo de investigadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia, liderado pelo neurobiólogo Florian Mormann, observou as ondas cerebrais de voluntários submetidos a imagens de pessoas, animais, objectos e paisagens. As conclusões foram publicadas na revista Nature Neuroscience: a amígdala do hemisfério direito do cérebro, associada ao processamento de emoções, foi a que demonstrou mais actividade sempre que surgiam fotografias de animais – fossem fofinhos ou aterradores. “É possível que esta selectividade reflicta a importância que os animais tiveram no nosso passado evolutivo”, pode ler-se no artigo. 

Inês Fontoura  cresceu a implorar um animal de estimação. “O meu pai não queria, dizia que era alérgico”, recorda. No dia em que ele saiu de casa, depois de se divorciar da mãe, a relações-públicas, agora com 35 anos, arranjou uma gata bebé, a Pinduim, hoje com 12 anos. Logo a seguir, um amigo trouxe-lhe mais dois, também recém-nascidos, que tinha encontrado numa casa abandonada na zona de Loures, a Mel e o Bibas. Tempos depois, adoptou mais um gato, o Piolho. E depois outro, preto, o Buscapé. Também não teve coragem de enxotar o cão abandonado, cheio de medo e de pulgas, que se enfiou no porta-bagagens do seu carro antes da partida para Lisboa, depois de dias a rondar a casa da família, na costa alentejana: chamou-lhe Óscar. Apesar de não viver com todos (no seu apartamento só estão dois dos gatos, os outros vivem ou com a mãe e o padrasto ou na casa do Alentejo), garante: “Trato os animais melhor do que as pessoas, acho que são mais indefesos.”

De acordo com pesquisas recentes, nove em cada dez americanos garantem que os sentimentos que têm em relação aos seus animais de estimação são semelhantes ou mais fortes do que os que os ligam às pessoas mais próximas. No Reino Unido, 90% dos donos de animais assumem mesmo: o cão ou o gato são mais um membro da família. 

O investigador japonês Miho Nagasawa já tinha comprovado, através de análises à urina de um grupo de voluntários, que as suas brincadeiras com cães eram responsáveis pela libertação de grandes quantidades de oxitocina, a chamada hormona do amor, presente também no orgasmo e nas mulheres em fase de amamentação. Mas o trabalho publicado recentemente pela sueca Kerstin Uvnäs-Moberg, investigadora na Universidade Uppsala e uma espécie de autoridade universal no estudo da oxitocina, veio reforçar a tese de que brincar ou simplesmente conviver com animais domésticos não só relaxa como pode reduzir a tensão arterial e aumentar a tolerância à dor – tudo efeitos se cundários da hormona. As amostras de sangue retiradas antes das sessões de festas entre donas e animais não tinham quaisquer vestígios de oxitocina, mas as colhidas minutos depois sim, e com altos níveis de concentração. “O mais fascinante é que os picos da hormona são muito semelhantes aos níveis que costumamos observar em mulheres que amamentam”, explicou a cientista à cadeia de televisão ‘PBS’.

Não são só as mulheres que sentem os animais de estimação como filhos. Jonathan Brum da Silva (na imagem), por exemplo, é inseparável de Zephyr. Já o levou a andar de caiaque, em Carcavelos, e todos os domingos faz caminhadas desintoxicantes com ele – em Maio deste ano, a American Heart Association (a congénere norte-americana da Sociedade Portuguesa de Cardiologia) divulgou um estudo feito com mais de 5.200 adultos e concluiu que os donos de cães têm 54% mais hipóteses de atingir as doses diárias de exercício físico recomendado, pelo que apresentam níveis de colesterol mais baixos, têm menos tendência para a obesidade e correm menos riscos de desenvolver doenças cardíacas. 

Quando lhe ofereceram o cão, há dois anos, Jonathan estava a trabalhar em Lisboa mas já tinha aceitado uma proposta de trabalho em Kufstein, no Tirol, Áustria. “Fiquei com ele à mesma. Partimos os dois de Lagos, onde cresci, na minha autocaravana. Fomos até Sagres, depois subimos para Vigo, fizemos toda a costa espanhola, passámos por Biarritz, Sul de França, Mónaco. Quando víamos uma praia de que gostávamos, parávamos, fartei-me de falar com ele, ia sentado no banco ao meu lado. Na altura ainda estava com uma ex-namorada, perguntava-lhe o que é que ele achava dela, se devíamos acabar ou não”, recorda.

Percebeu que a relação não tinha futuro quando, durante a semana que passou num veleiro, entre as costas italiana e croata, sentiu mais falta do labrador, que tinha ficado em Trento com os pais de um amigo, do que da rapariga. Hoje, de regresso a Lisboa, diz que o cão, que vê como um filho, o tornou uma pessoa melhor: “Uma pessoa que tem um cão mostra ao mundo que tem maturidade suficiente para ser responsável por outro ser vivo, é quase como que uma passagem para a idade adulta. Muito do que sou e do que consegui nos últimos dois anos deve-se a ele. Como o tenho, quero que ele tenha orgulho em mim e ser um exemplo a seguir por ele. Esforço-me mais no meu trabalho, sou mais correcto. No próximo ano quero fazer mais uma viagem de caravana com o Zephyr. A ideia é enchermos o carro de brinquedos e irmos distribui-los a Marrocos.” 

De acordo com John Homans, editor-executivo da ‘New York Magazine’ e autor de ‘What’s a Dog For’ (Para que serve um cão, sem tradução em Portugal), lançado em 2012, é para isto mesmo que os cães (e quem diz cães, diz gatos) hoje servem: para preencherem espaços vagos nas vidas dos humanos. “Nos últimos 40 anos assistimos a uma explosão das populações de animais domésticos nos países ocidentais. As pessoas têm vidas mais isoladas, têm menos filhos, os casamentos não duram. Simplesmente estamos a deixar que os animais preencham os espaços vazios das nossas vidas”, explicou-lhe um investigador.

Quando o Mingau lhe apareceu à porta, cheio de sarna e com apenas dois meses, em Dezembro de 2010, Ana Geraldo (na imagem), a única portuguesa a fazer o doutoramento na Universidade de Pirassununga, no estado de São Paulo, viu no gato uma espécie de âncora, um motivo mais para continuar a viver a 8 mil quilómetros de casa. Claro que tinha amigos e colegas com quem estar, mas a relação que estabeleceu com o animal era diferente: “Era uma companhia. Sabes aqueles momentos em que precisas de estar com alguém que te conforte? Em que dás e recebes? O Mingau é isso mesmo, é o meu gato, é a minha família. E ele precisa de mim, passei a estar ali não só porque estava a estudar mas também porque tinha o Mingau.”

Pedro Barros Pereira, que viveu com o Metralha entre 2003 e 2007 em Maputo, diz que sentia o mesmo. A 11 mil quilómetros de casa, tudo o que tinha era o dálmata, que lhe fazia companhia em casa, até quando ia à casa de banho, e no surf (para dentro de água o cão ia com colete salva-vidas, no areal, andava sempre de óculos de sol): “Cheguei a receber ameaças de morte, as pessoas com quem fui trabalhar não gostavam muito de mim, a minha função incluía fazer despedimentos... Uma vez mandaram-me um envelope com uma bala e um recado a dizer que ainda havia mais cinco para mim. O Metralha dava-me apoio emocional e familiar, não tinha lá mais ninguém. Quando os meus avós morreram, viu-me a chorar e veio ter comigo, ficou abraçado a mim a tarde inteira.”

De acordo com Alfredo Pereira, professor do departamento de Zootecnia da Universidade de Évora com formação na área do comportamento animal e treino de cães, é verdade que estes animais são capazes de detectar pormenores e subtilezas muito mais depressa do que os seres humanos. “A linguagem corporal, o tom de voz, os odores, até a ausência de comunicação – os cães são sensíveis a tudo isso.” O que já não parece credível é que os animais sofram com os donos: “As pessoas tristes têm uma linguagem corporal muito própria, que se nota sobretudo na ausência de comunicação com o animal. Todos os cães têm personalidades e comportamentos completamente diferentes, não há um estereótipo, nem sequer associado às raças. Pode acontecer que uns permaneçam estáveis perante as alterações dos donos, e que outros tentem desbloquear a situação, para recuperar a normalidade.”
Está provado: os animais de estimação não servem apenas de consolo nos maus momentos, aumentam também – e em grande escala – as probabilidades de os donos socializarem. Uma experiência feita no Reino Unido, na Universidade de Warwick, teve resultados categóricos: 65 pessoas pararam para conversar com homens e mulheres que passeavam cães pela trela; quando essas mesmas pessoas saíram para as mesmas ruas sem os animais foram abordadas apenas três vezes. Inês Fontoura costuma passear os cães, que vivem em casa da mãe, com um grupo de vizinhos que todas as noites se reúne para dar a volta ao bairro com os animais, e confirma a tendência: “Já fiz um grande amigo assim, conhecemo-nos por causa dos cães, aproximámo-nos, fui ao casamento dele e tudo.” 

Pedro Barros Pereira, dono do Metralha e o amigo a que Inês se refere, reforça: “Não há miúdo que não me conheça aqui na vizinhança, poucos sabem é o meu nome, sou o rapaz do dálmata. Em tempos também cheguei a arranjar namoradas através do Metralha.” Agora já não: é casado e pai de três filhos, diz – o cão, de 11 anos e o único já com página no Facebook, Inês, de 2, e João, de 2 meses.

Outra evidência científica: crianças que crescem em casas onde há animais têm menos probabilidades de desenvolver problemas alérgicos e asma. E também tendem a tornar-se mais responsáveis, sobretudo se forem encarregues de tratar dos bichos. Aos 7 anos, Martina (na imagem) já sabe que é ela que tem de alimentar e de levar a Laika, metade labrador, metade golden retriever, de apenas cinco meses, a passear. “Estamos a tentar passar-lhe algumas responsabilidades, achamos que é bom para ela e ela até gosta. Só reclama de ter de apanhar o cocó, isso não gosta muito de fazer”, conta a mãe, Cláudia Cascais, 37 anos, account manager na Cisco. 

Alfredo Pereira diz que há vários outros trabalhos sobre os efeitos positivos dos animais, não só com crianças mas também com reclusos: “Foi feito um estudo, creio que numa prisão nos Estados Unidos, em que foram entregues cães abandonados a vários reclusos. Comprovou-se que, com essa responsabilização, os níveis de agressividade latente, o grau de excitação e a frequência de disputas baixaram imenso.” Outra evidência científica mais ou menos conhecida: fazer festas a um animal tem um efeito relaxante. A novidade, explica o professor da Universidade de Évora, é que passar a mão pelo dorso de um gato não é o mesmo que afagar um cão. “O pêlo do gato, sendo mais macio e apresentando uma textura diferente, parece libertar maiores quantidades de endorfinas, pelo que se torna mais eficaz na diminuição do stresse.”

No Stress Team é como se chama a escola de treino canino, na zona de Sintra, onde Rodrigo Antunes, 9 anos, e Duarte Ávila (na imagem), 8, ambos autistas, fazem Terapia Assistida por Animais. O método está cientificamente comprovado: um grupo de investigadores liderados por Marguerite O’Haire, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Queensland, na Austrália, publicou em Fevereiro um estudo feito com 99 crianças autistas, divididas em grupos – a umas foram dados brinquedos, a outras porquinhos-da-índia. “As crianças com autismo envolveram-se em 55% mais comportamentos sociais quando estavam com os animais”, explicou a especialista. Também sorriram duas vezes mais.

No dia 27 de Setembro de 2013, foi dia de regresso à terapia para Rodrigo e Duarte, depois de três meses de férias de Verão. “Devem vir impossíveis”, preveniu logo Paula Moreira, a responsável pela escola. Sem termo de comparação, os miúdos pareceram estar apenas com saudades da setter inglesa Fiona e com pouca paciência para trabalhar: os primeiros 30 minutos de terapia até correram bem, mas depois disso ficaram ambos impacientes, chorosos e com vontade de ir embora. “O cão neste contexto é um elemento facilitador: além de as tranquilizar, consegue comunicar melhor com estas crianças, que também não falam, utilizam todos apenas a linguagem corporal”, explica Paula Moreira. Joana Nogueira, a terapeuta, acrescenta: “Cada um deles tem um plano de trabalho diferente, mas no fundo o objectivo é trabalhar a interacção social e desenvolvê-los ao nível cognitivo e motor, fazendo o reconhecimento de letras, encaixe de puzzles, associação de imagens aos objectos, saltos...”

No fundo, o cão mascara o trabalho de brincadeira. “Aqui eles percebem que o pé serve para chutar a bola para o cão e que as mãos servem para atirar a bola ao cão”, explica Paula Moreira. Quando Rodrigo passeia Fiona pela trela, está a trabalhar a força e o movimento nas mãos. Quando Duarte tem de agarrar um pedaço de ração com os dedos em pinça, para recompensar a cadela, está a trabalhar a motricidade fina. 

Os pais garantem que nenhuma outra terapia deu tanto resultado até à data. “Ele já fez terapia da fala, ocupacional e hipoterapia e todas as competências que tem em termos de conhecimento foram adquiridas aqui. O animal é quase uma desculpa para a brincadeira, funciona. Desde que aqui está, o Duarte evoluiu imenso: corta com uma tesoura, reconhece os números e as letras do nome, faz encaixes, consegue identificar imagens num cartão e os objectos correspondentes, desenha círculos, faz riscos na horizontal e na vertical e sabe pôr a mesa”, enumera o pai, Pedro Ávila.

Elisabete Antunes, mãe de Rodrigo, também nota progressos: “Às vezes chega aqui completamente desorientado e depois fica mais calmo, mais sereno. Está mais receptivo, não tão fechado, mesmo em relação a animais, tínhamos um peixinho e ele não lhe ligava nenhuma. Antes não estabelecia contacto com pessoas ou animais, estava sempre fechado na sua bolhinha. Com a terapia abriu-se uma janela, já consegue olhar-nos nos olhos, já toca nas coisas. Há tempos, em casa, partiu um candeeiro. Foi um dos dias mais felizes da minha vida.”

Um dos mais tristes da sua, antecipa Pedro Barros Pereira, será o dia em que o Metralha desaparecer. Aos 11 anos (o que em idade de cão, obedecendo à regra dos 7, dá 77), já não salta como antes, tem dificuldade em correr e sofre de artroses. “Viveu comigo o fim da adolescência, a fase em que comecei a trabalhar, o ir para fora do País, conhecer sítios e pessoas novas, fazer loucuras, voltar, ter filhos... Nem quero pensar. Não vejo a minha vida sem o Metralha.”

* Apenas humanidades, aprendamos.


.

Sem comentários:

Enviar um comentário