20/09/2014

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  HOJE NO
"OBSERVADOR"


“Ei!” este serviço facilita-lhe a vida

Duas juristas criaram a primeira empresa de assessoria aos emigrantes e imigrantes depois de sentirem na pele as dificuldades de viver entre dois países. A loja abriu portas em Lisboa esta semana.

Carla Zenóglio, 45 anos, emigrou em 2010 para Angola, mas volta a Portugal duas vezes por ano. Durante essas breves viagens de regresso, o tempo tem de ser suficiente para tratar do arrendamento da casa que deixou para trás, para ir a consultas médicas, para aproveitar algum evento cultural lisboeta. “Estamos muito pouco tempo em Portugal e não conseguimos fazer tudo”, diz a consultora jurídica. Através das redes sociais, Carla Zenóglio encontrou uma empresa recém-formada que, acredita, vai ajudá-la a resolver os assuntos pendentes que tem em Portugal e a aproveitar as curtas estadias no país. Trata-se da Ei!, o primeiro serviço profissional de assessoria aos emigrantes, imigrantes e viajantes, que esta semana abriu uma loja em Lisboa.

Gilda Pereira também emigrou para Angola e, à semelhança de Carla Zenóglio, “sentia dificuldades em gerir tudo à distância”. Por isso, entregou as chaves da casa de Lisboa à amiga Inês Salvo, que passou a tratar-lhe do correio e a contratar uma empresa para limpar o apartamento de Gilda nas vésperas de esta regressar a Portugal. Os amigos emigrantes começaram a pedir coisas semelhantes a Inês.

Pouco tempo depois, Gilda Pereira e Inês Salvo perceberam que tinham uma ideia para um negócio e em junho lançaram, nas redes sociais, a empresa Ei!. “É uma ideia que faz todo o sentido
com o novo tipo de emigrantes que temos, cujo estrato social é mais elevado”, disse Gilda Pereira durante a abertura da loja da sua empresa, no número 20 da Avenida Visconde de Valmor. 

As duas amigas, licenciadas em Direito, pensaram primeiro no apoio aos imigrantes e emigrantes, mas acabaram por “sentir necessidade de alargar os serviços aos viajantes”, depois de terem sido contactadas por turistas que queriam encontrar um local para ficar durante a viagem a Portugal. Para além disso, a Ei! presta apoio a muitos residentes em países de língua portuguesa que se deslocam a Lisboa por causa de cuidados de saúde.
 
Nestes três meses de funcionamento, os serviços mais solicitados são a gestão de arrendamento, a obtenção de vistos, a receção e envio de correio e a procura de alojamento. Mas também há quem peça ajuda para transportar animais ou para comprar bilhetes para concertos, festivais, ou para “jogos do Benfica”, disse Gilda Pereira. 

A tabela de preços varia de acordo com os serviços pedidos, mas no caso da gestão do arrendamento, por exemplo, a empresa cobra “10% daquilo que a pessoa vai ter de proveito”. A receção e envio de correio – que inclui um acordo de confidencialidade para tudo aquilo a que a equipa “tiver acesso” ao analisar a correspondência – pode custar 40 euros por mês. Os clientes podem ainda pedir um orçamento para “o que foge dos serviços padrão”, explicaram as sócias.

É o caso de Carla Zenóglio, que vai fazer um levantamento dos serviços de que necessita e perguntar junto da Ei! qual o custo previsto. Mas esta consultora jurídica está convencida de que compensa. “Precisamos muito. Estou num país onde o acesso à internet é limitado. Não conseguimos fazer as coisas. Temos 22 dias úteis de férias por ano e é muito curto. Vivemos noutro país, mas continuamos a ter muitas ligações”. Através desta empresa, Carla Zenóglio espera conseguir marcar atempadamente os campos de férias que os filhos frequentam no verão ou reservar e levantar os manuais escolares que têm de ser encomendados em Portugal.

A família de Carla Zenóglio pensa um dia voltar ao país, ainda que não haja “uma data certa” para esse regresso. Mas mesmo que isso aconteça, a consultora jurídica sabe que “terá uma vida entre Portugal e Angola” e provavelmente continuará a precisar da Ei!. “É um apoio que temos. Deixamos de precisar de estar sempre a recorrer aos familiares”, diz.

* A inteligência e prespicácia feminina a funcionarem.

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