HOJE NO
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EKA.
Uma nova morada
para todas as artes
Este é um projecto de difícil definição, mas tentemos. Dilen e Eurica Magan querem dar um pontapé na alta cultura e fazer desta casa um espaço de portas abertas. Abriu ontem, em Xabregas, Lisboa,
com
trabalhos estrangeiros e nacionais
Dilen e Eurica Magan são daquela espécie rara que rejeita ficar a ver
navios a embaterem contra icebergs – ao ponto de em 1998 terem iniciado
um projecto de música electrónica asiática só porque sim. Ano após ano
foram vincando a sua posição de visionários. Com um fraquinho por todas
as manifestações artísticas anti-cunhas e fora da caixa, o casal
percebeu que era hora de rumar a paragens distintas, já que “Lisboa era
um bocado limitada, os artistas fecham-se neles próprios, rejeitam
inovar”, explica Dilen.
FOTO CATARINA CRAVEIRO |
Acumularam projectos de várias índoles por toda a Europa, centro
culturais em Londres, instalações em Berlim, tudo coisas que fazem deles
gente respeitada e com notoriedade suficiente para chamaram ao EKA
artistas de diferentes nacionalidades. Faça-se a vénia que isto não é
pouco. Aliás, torna-se algo comum nestes dias que os portugueses de
mérito sejam manda-chuvas lá fora e perfeito desconhecidos cá dentro.
Pensamento que Dilen partilha connosco antes de nos explicar a razão
pela qual decidiram regressar a Lisboa. “Amamos a cidade e parece-nos a
próxima grande capital europeia. Depois porque achamos que o negócio da
cultura não está a ser bem explorado, é um negócio bilionário e que pode
atrair milhões de pessoas aqui. Em todas as cidades há convenções de
cinema, de tudo. Queremos criar a visão de que as pessoas podem vir a
Lisboa e fazer coisas para além de andar num tuk-tuk em Alfama”.
Instalaram-se no LX Factory, lugar de eleição da capital portuguesa,
multi-artístico onde – “supostamente”, diz-nos Dilen – cabe tudo.
“Sentimos que era um espaço muito elitista. Fiz uma proposta à direcção
do LX para no Open Day termos lá as marchas populares com música
electrónica e afins. A resposta foi prontamente negativa porque disseram
que não queriam lá chungaria, foi aí que percebemos que aquele espaço
não era para nós”.
Daí até este EKA, novíssimo espaço cultural (antiga vila operária, no
total com 10 mil metros quadrados), foi um tiro de rompante. “Com a
notoriedade do projecto EKA, com a criação da nossa editora e outros
eventos, percebemos que precisávamos de uma galeria. Foi aí que
encontrámos este espaço e começámos a trabalhar nele há dois meses. O
objectivo é ter isto aberto 7 dias por semana, com uma programação
mensal”, avisa Dilen que nos foi apresentando os artistas que
finalizavam as suas obras. No entanto, não se pense que este é um espaço
exclusivo para gente com provas dadas e estilos específicos. Isso são
limitações que Dilen não compreende e que não fazem parte da directriz
do EKA. “Queremos dar espaço a gente com vontade de expor coisas, que
não tem possibilidades de o fazer noutro lado. Se fosses artista a gente
agarrava no calendário e via quando era possível, aliás, se quiseres
fazer um workshop de jornalismo, estás à vontade…”.
Agradecemos a sugestão, mas deixamos a iniciativa para outrem. Quando
desligamos o gravador e fazemos a ronda da praxe pela exposição de
abertura do EKA, descobrimos instalações com lego, vídeo arte em 2D, mas
que dá a ideia de ser 3D, um estúdio para fazer T-shirts em serigrafia,
quadros que metem óculos de fazer esqui, arte urbana ao pontapé e a
lista continuaria. Todos comem do mesmo prato que se define como “Arte
de Guerrilha”, aquela que não tem estilo e se assume livre, que expõe em
todo o lado em mais algum e que não procura rótulos. O EKA está aqui
para tirar o prefixo a esta subcultura.
Mais info em:
facebook.com/unity.EKA; a inauguração continua hoje e amanhã, das 14h às 24h no EKA: Calçada de Dom Gastão, nº12. Xabregas
* A cultura é vida, às vezes não é fácil entendê-la, mas devemos tentar.
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