27/09/2014

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HOJE NO
"RECORD"

Lenine Cunha:
 «Ainda quero chegar às 200 medalhas»

Antes dos Jogos Paralímpicos em Londres’2012, um grupo de estudantes da Universidade de Vila Real queria fazer um trabalho sobre os atletas paralímpicos. Contactaram Lenine Cunha para atualizar o ficheiro de dados, mas a troca de palavras revelou-se crucial para a descoberta de algo inédito –- o atleta desconhecia quantas medalhas tinha no seu palmarés.

Dias depois de conferir os dados ao pormenor, Lenine telefonou ao seu treinador, José Costa Pereira, para lhe dar conta da satisfação. “Você faz ideia de quantas medalhas eu tenho?”, questionou. O técnico atreveu-se a dar uma resposta que pecaria por defeito. “Talvez umas 70…”, avançou José Costa Pereira. “Então, ponha mais 70 em cima”, respondeu Lenine Cunha.
O número impressiona e o orgulho de Lenine Cunha é imenso por ser considerado o atleta mais galardoado do desporto português, com 169 medalhas em campeonatos da Europa Games (competição para atletas deficientes, em várias modalidades).
“Ainda quero chegar às 200 medalhas”, acentuou Lenine Cunha, uma das figuras emblemáticas do Comité Paralímpico de Portugal, que está a festejar o sexto aniversário.

Aos 31 anos, o recordista mundial do salto em comprimento (7,16m) e triplo salto (14,72m) reconhece que a vida como atleta de alta competição deve terminar após os Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro’2016.

“Em 2014 conquistei 15 medalhas e se ganhar outras tantas em 2015 e 2016 ficarei muito perto das 200. Depois do Rio de Janeiro terei mais um ano para ultrapassar essa fasquia. É o meu objetivo”, frisa Lenine Cunha, que carrega o peso da medalha de bronze alcançada em Londres’2012 no salto em comprimento.

Para os próximos Jogos Paralímpicos, Lenine Cunha parte com um redobrado entusiasmo. “Os últimos quatro meses antes da partida para Inglaterra foram duros. Sentia-me muito pressionado, chegava a casa depois dos treinos e começava a chorar. Queria provar a mim mesmo que era possível fazer uma boa figura. Felizmente correu tudo bem e logo no primeiro ensaio vi que poderia obter uma medalha. Fiz 6,95m e sabia que iria ao pódio”, comentou o atleta que antes dos Jogos perdeu a sua irmã, na sequência de uma operação ao coração. “Ela acompanhou-me no salto e na cerimónia do pódio”, relembra Lenine.

A dois anos do Rio de Janeiro, o recordista mundial acredita novamente na superação. “Sei que há outros atletas que querem ir ao pódio tanto como eu. Vai ser muito difícil, mas tenho de acreditar em mim, da mesma maneira que o fiz para Londres. Tenho é a noção que serão os meus últimos jogos a alto nível. Quando chegar ao Brasil terei 33 anos e será mais complicado, mas tenho muito fé que tudo irá correr bem.”

* Que dizer deste homem a não ser que se  tem por ele uma profunda admiração.


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