19/09/2014

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288.
Senso d'hoje


JORGE COUTINHO
 PAI DA NONÔ


«Não me dêm sentimentos ou pêsames. Entendo e aceito que o queiram fazer ou tenham feito e estou-vos agradecido. Ainda assim, podem dar-me antes os parabéns por ter sido, ser hoje e ser para sempre o papi da Nonô (ela vai ficar toda vaidosa, como só ela era). O papi que ela escolheu para ser o seu. Para a seu lado viver a sua missão. Se sofro? Não! Se vou fazer Luto? Vou... 'côderosa' e a sorrir. Se dói!? Muito, não consigo transcrever em palavras a dimensão da dor. Aquilo que sei é que é esta dor que me vai permitir resgatar o que de melhor tenho em mim e com isso perpétuar a missão da Leonor através da minha: servir pessoas»

«A Leonor não perdeu a luta contra o cancro, a Leonor não perdeu uma única batalha na sua jornada com o 'malvado de Willms'. A Leonor nasceu e veio a este mundo com uma missão. Essa missão foi, é e vai ser sempre a de nos permitir a nós aproximarmo-nos da nossa essência, aproximarmo-nos daquilo que verdadeiramente importa: o amor. (...) A vida é 'côderosa'.
Eu nunca escutei da boca da minha filha: 'eu estou a sofrer'. Escutei muitas vezes, demasiadas: 'Dói'... E tem que doer. É inevitável. (...) A Leonor escolheu sempre não sofrer. Recordo-me que entre vómitos, efeito secundário da quimio, ela sorria, não sofria. (...) A Leonor escolheu inspirar-nos, mostrar-nos a todos o quão fácil é viver a vida. Mostrar-nos que, independetemente da dimensão dos teus problemas, podes ser feliz. Esse foi o resultado das suas escolhas. A consequência? No caso dela não houve. De tão perfeita que a Leonor é, ela escolheu aceitar a imperfeição do mundo regressando a casa... Leonor rima com amor, nunca com dor ou rancor».



* Magnífico pai.


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