21/09/2014

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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"


Compra de carro novo dispara 
na Europa mais pobre 

A Europa rica travou a compra de carros novos, enquanto os países com menores rendimentos registaram disparos nas vendas.

É um fenómeno. E pode ser notado em Lisboa, Zagreb ou Bucareste. Quem reparar nas matrículas novas dos carros que circulam pelas capitais dos países mais pobres da União Europeia (UE), acredita que a crise económica já é coisa do passado. Dir-se-ia que os agregados familiares dos países menos desenvolvidos e das economias que foram obrigadas a fazer duros ajustamentos financeiros decidiram que 2014 seria o ano em que iam comprar um automóvel novo. 
 
TRÂNSITO EM LISBOA
Esta ilação está longe de ser uma caricatura, porque entre os três países com maiores crescimentos de vendas de viaturas novas - no espaço da Associação Europeia de Comércio Livre - estão duas economias que foram intervencionadas pela troika, Portugal e a Irlanda, e um caso de falência, a Islândia.
Mas enquanto a riqueza distribuída pelos habitantes é superior na Islândia e na Irlanda - com padrões que estão ao nível dos países ricos da União Europeia -, em Portugal a história é outra e o fenómeno do disparo das vendas de automóveis efetuadas de janeiro a agosto de 2014 assume proporções inéditas na UE.
Sabendo-se que o crescimento médio das vendas de automóveis novos entre os 28 países da UE foi de 6% de janeiro a agosto, em termos homólogos, isso ainda aumenta o contraste com Portugal, onde o disparo de vendas foi de 35,7%.
Este desempenho colocou o pequeno mercado nacional em primeiro lugar no crescimento de vendas de carros novos, de acordo com dados da Associação dos Construtores Automóveis Europeus.

Crise ainda não passou
Embora o mercado automóvel tenha caído bastante em Portugal durante os últimos três anos, e apesar do atual dinamismo das vendas ainda não ter permitido recuperar os níveis de vendas da primeira década do novo milénio, o facto de a economia portuguesa liderar o ranking europeu do aumento de matrículas novas não para de surpreender as marcas automóveis - suportado pelo aumento de compras das empresas de rent-a-car e pela renovação de frotas das empresas.
Se o mercado português fosse exclusivamente alimentado pelas compras de particulares, provavelmente continuaria deprimido, ou, na melhor das hipóteses, estagnado, pois o poder de compra dos portugueses não aumentou.
 
TRÂNSITO EM OSLO
Analisando a informação do Banco Mundial referente a 2012 - o único ano em que já há dados relativos a todos os países em causa -, nota-se que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita português em Paridades de Poder de Compra é apenas ligeiramente inferior ao da Grécia e da República Checa e um pouco superior ao da Lituânia.
Ora, nos oito primeiros meses do ano, a República Checa aumentou em 17,5% as vendas de carros novos, a Grécia cresceu 21,4% e a Lituânia quase chegou aos 24% - repita-se, os três países que melhor comparam com a distribuição de riqueza per capita dos portugueses.

Portugueses duplicam crescimento checo
Acontece que o crescimento de vendas de carros novos em Portugal mais do que duplicou o desempenho das vendas na República Checa, cuja economia é suportada por uma forte produção industrial.
Igualmente curioso é o crescimento das vendas de automóveis na Croácia e na Roménia, que são duas das economias com níveis de rendimento mais baixos na UE.
Nestes casos, uma justificação para os aumentos de compras de automóveis dos romenos e dos croatas passa pelo afluxo de capitais estrangeiros que estes dois países têm vindo a obter.
No lado da Europa rica, o cenário é precisamente o oposto. Holanda, Áustria e Suíça registaram quebras de vendas em termos homólogos nos oito primeiros meses de 2014.
E a Noruega, que é um dos países mais ricos do continente europeu (com um PIB per capita em Paridade de Poder de Compra superior ao dobro do português), apenas registou um aumento de 2% nas vendas de carros novos.

* A razão porque os nossos governos são maus é porque todos nós portugueses sofremos de nanismo mental, somos o país dos "manageres"

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