08/09/2014

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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"

Economia portuguesa está a crescer
. menos do que se pensava

Devido a alterações metodológicas, o PIB português avançou mais 0,1 pontos do que a estimativa inicial do INE para o segundo trimestre (0,9%), mas afinal cresceu menos 0,3 pontos no arranque do ano. 

Devido a alterações metodológicas, o PIB português avançou mais 0,1 pontos do que a estimativa inicial do INE para o segundo trimestre (0,9%). No entanto, a mesma revisão contabilística obriga a reavaliar o PIB do primeiro trimestre, que afinal cresceu apenas 1% face ao mesmo período do ano anterior. No total dos primeiros seis meses do ano, a economia está a crescer 0,9%.

O produto interno bruto (PIB) avançou 0,9% no segundo trimestre deste ano, mais 0,1 pontos do que a estimativa inicial do INE. Contas já incluem revisões metodológicas introduzidas pelo Sistema Europeu de Contas 2010.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) já tinha publicado no final do mês passado a revisão do PIB para todo o período entre 1995 e 2011, resultando numa revisão em alta de 2,9% para o produto interno bruto de 2011. São agora conhecidas as revisões para os anos mais recentes.

Esse "reescrever" da histórica económica portuguesa resulta numa revisão ligeiramente em baixa do crescimento da economia em 2012 (-3,3%) e de uma manutenção da variação de 2013 nos -1,4%.

Para 2014, as revisões não estão a ser simpaticas. Segundo os números do INE, o PIB teve um crescimento homólogo de apenas 1% no primeiro trimestre do ano, quando a estimativa anterior apontava para 1,3%. Já no segundo trimestre, a revisão é em sentido contrário, dando uma "ajuda" de 0,1 pontos à taxa de variação do PIB (de 0,8 para 0,9 pontos). No conjunto dos primeiros seis meses do ano, a economia está a crescer 0,9% face ao anterior, abaixo da nova meta fixada pelo Governo no Orçamento Rectificativo: 1%.

Por trás desta desaceleração está um arrefecimento na procura interna. Depois de um primeiro trimestre foi forte, o investimento continua positivo, mas cresceu muito menos (4,3%). Já o consumo também abrandou ligeiramente em comparação com o arranque do ano (1,7%).

Ao contrário daquilo que o Governo esperava para este ano, a frente externa não está a ajudar a economia portuguesa. A procura externa líquida (exportações menos improtações) voltou a dar um contributo negativo para o PIB de 0,9 pontos. As vendas ao exterior continuaram a arrefecer, enquanto as entradas de bens continuam a registar variações positivas (embora mais moderadas).

Sistema Europeu de Contas 2010
Grande parte da revisão do PIB resulta das alterações metodológicas introduzidas pelo Sistema Europeu de Contas (SEC) 2010. Já se sabia que essas mudanças tinham feito do PIB de 2011 crescer 2,9%, agora sabe-se que o PIB de 2013 é 3,4% mais alto, 171,4 mil milhões de euros

Para 2011, o INE especificou as alterações de contabilidade que tiveram um maior impacto. De longe, a alteração com maior impacto são as "rendas imputadas". Dos 5.040 milhões de euros, que dão uma "ajuda" de 3.083 milhões de euros para o PIB de 2011. È provavelmente o mais difícil de explicar. Representa uma estimativa do INE para a "produção de serviços de habitações ocupadas pelos proprietários", tendo por base a renda que um inquilino pagaria se a casa estivesse arrendada. É uma forma de reflectir no PIB o "valor" de ter este activo (casa própria). Na série de 1995 e 2011, este factor representou, em média, 33% da revisão do PIB.

Nas notícias que foram sendo escritas sobre a implementação da SEC 2010, a alteração que se pensava ter mais relevância era o registo da despesa com Investigação e Desenvolvimento (I&D), que deixa de ser considerada consumo intermédio e passa a constituir investimento. Deu um contributo de 2.270 milhões de euros.

A inclusão de actividades ilegais no cálculo do PIB – talvez a alteração mais referida pelos jornais – teve um impacto muito pequeno, como já se esperava. Apenas 629 milhões de euros. Entre as actividades incluídas está a prostituição e o tráfico de droga. Como não existem números oficiais, o INE tem de recorrer a informação indirecta, que utiliza "simplificações e convenções" acordadas a nível europeu.

O último impacto positivo passa pela inclusão da actividade de empresas de construção de portuguesas no estrangeiro como exportações e de empresas estrangeiras em Portugal como importações, uma alteração que tem um saldo líquido de 469 milhões de euros em 2011.

Entre as mudanças com efeitos negativos, o INE refere a alteração do cálculo das actividades de "entidades com fins especiais" (SPE, na sigla em inglês), que deverá ter um impacto negativo de 670 milhões de euros, que se faz sentir especialmente na Zona Franca da Madeira. Trata-se de unidades normalmente da área financeira, controladas por entidades residentes e que, embora não tenham "expressão em termo de emprego", podem ter relações relevantes com o exterior. Enquanto o anterior SEC era omisso,  o SEC 2010 "reconhece o carácter excepcional destas unidades", assumindo que a sua função principal é a "captação e transferência de fundos entre entidades não residentes".

* Resumindo:
    CRESCIMENTO DA ECONOMIA
     2012 ......... - 3,3%
     2013 ......... - 1,4%
     2014 (primeiros 6 meses) ... 0,9%

São estes os números que fazem os ministros pular de contentes, aproveite e pule com eles, para o abismo!

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