03/08/2014

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241.
Senso d'hoje


MARTA CRAWFORD
 PSICÓLOGA CLÍNICA
TERAPEUTA SEXUAL E FAMILIAR
SOBRE O "DESEJO"


O desejo está virado para uma coisa sem pro­blemas, sem papel hi­giénico nem escova de dentes. Às tantas, a re­lação, que era de um com o outro e de faze­rem coisas juntos, co­meça a traduzir-se por ver mais televisão ou ter de cuidar dos filhos, cumprir horários e fa­zer coisas aborrecidas – como levantar cedo para ir pôr os miúdos à escola, vestir, dar banho, fazer o jantar e por aí fo­ra. Essas rotinas são cha­tas mas são centrais na vida das pessoas, que dei­xam de falar de outras coisas e de repente o que tem que ver com o erotismo, com o tempo de casal, com a possibilidade de fugir desta rotina do dia–a-dia, é descurado. E como é que a rela­ção floresce se a pessoa deixa de a regar? Há um desinvestimento e tudo o que tem que ver com a relação começa a ser visto como obrigação. É então que se cria espa­ço para os outros, os de fora, que são todos salvadores da pátria.

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