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"JORNAL DE NEGÓCIOS"
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O "superjuiz" que mandou deter
o ex-banqueiro
Chamam-lhe "superjuiz". E a razão é simples: nos
últimos anos, os chamados crimes de "colarinho branco" que maior
notoriedade pública registaram contam com intervenções do juiz Carlos
Alexandre. É este o homem que, na quinta-feira, mandou deter e
interrogou o antigo presidente do BES, no âmbito do processo conhecido
por Monte Branco.
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Como magistrado judicial
responsável pelo Tribunal Central de Investigação Criminal, Carlos
Alexandre está associado a casos de grande impacto público, como o já
referido Monte Branco, mas também as operações Furacão, Portucale, Face
Oculta, BPN ou Remédio Santo.
No mundo da advocacia,
há quem o admire, mas também quem o odeie. Alguns dos actores da
Justiça que lidam ou já lideraram com Carlos Alexandre chamam-lhe
"Mourinho da Justiça", por causa da sua obstinação. Há porém quem
prefira, de forma pejorativa, designá-lo como o "Garzón português",
acusando-o de gostar de protagonismo.
O juiz
espanhol Baltazar Garzón, conhecido mundialmente pelo arrojo em desafiar
os mais poderosos, teve também a seu cargo a responsabilidade de
conduzir processos relacionados com crimes de "colarinho branco"
mediatizados no país vizinho.
No caso do "superjuiz"
foram também intervenções em processos relevantes de criminalidade
económica e financeira as causas directas do protagonismo que alcançou.
Ele que se iniciou no mundo da Justiça, depois de completar a
licenciatura na Faculdade de Direito de Lisboa, na Polícia Judiciária
Militar.
Carlos Alexandre optou, contudo, por
seguir a carreira da magistratura judicial, desempenhando funções,
nomeadamente, na comarca de Sintra. Chegou ao Tribunal Central de
Investigação Criminal, o conhecido "Ticão", em 2004. Era então titular a
juíza Fátima Mata-Mouros. Dois anos depois passou a responsável máximo
daquele tribunal.
Sportinguista assumido, Carlos
Alexandre é também um católico devoto que gosta de regressar às origens.
Participa habitualmente nas comemorações da Páscoa em Mação, a
localidade da Beira Baixa onde nasceu há 52 anos.
Pese
embora o acusem de procurar protagonismo, a verdade é que foram raras
as vezes em que se expôs na comunicação social. Indirectamente, através
de um conterrâneo, o antigo assessor do Partido Socialista António
Colaço, foi possível ver, há dois anos, no blogue Ânimo, Carlos
Alexandre na celebração pascal de Mação. Mais do que o lado do devoto,
ganharam força as afirmações do magistrado judicial, então transcritas
no "Diário de Notícias".
"No contexto de uma
diligência em que se procurava tomar contacto com documentação, foi-nos
dito por uma pessoa com importância na praça que estava ali a mando de
alguém para acompanhar aquele acto, porque quando o dinheiro falava, a
verdade calava. Comigo a verdade falará sempre mais alto", sentenciou o
juiz.
* Fazem muita falta mais magistrados como Carlos Alexandre.
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