13/07/2014

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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"

80 médicos acusados de corrupção

Indicavam aos utentes os aparelhos auditivos apenas comercializados por três empresas multinacionais. Em troca recebiam bens de valor, dinheiro e viagens, que podiam chegar aos cinco mil euros.

A rede era composta por 80 médicos, de todo o País, da área da Otorrinolaringologia, que em cinco anos receberam benefícios no valor de 400 mil euros.
A IDA AO BAÚ

A investigação da Unidade Contra a Corrupção da Polícia Judiciária ficou agora concluída. Além dos clínicos, também os laboratórios médicos são arguidos no processo. No relatório final enviado para o Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, a PJ sugere que os arguidos sejam indiciados por crimes de corrupção e obtenção indevida de vantagem.

O esquema era já tido como se fosse uma prática comum entre os médicos daquela área. Falavam sobre o assunto de forma aberta. A investigação centrou-se entre 2007 e 2012 de norte a sul do País. A rede era integrada por médicos do Serviço Nacional de Saúde, mas também incluía profissionais de clínicas privadas.

As empresas multinacionais incentivavam os clínicos a promover a venda de aparelhos auditivos apenas de determinadas marcas. Os médicos, por sua vez, sugeriam a compra daqueles produtos aos utentes, mesmo que fossem mais caros do que outros disponíveis no mercado.

O esquema permitiu aos 80 médicos da área da Otorrinolaringologia terem vários luxos ao longo de cinco anos. Sabiam, aliás, que quantos mais aparelhos auditivos vendessem maior seria o benefício dado pelos laboratórios médicos. O prémio máximo atribuído aos clínicos seriam as viagens para destinos de sonho, que atingiam os milhares de euros.

Todos os arguidos neste processo encontram-se em liberdade, sujeitos a termo de identidade e residência.

Ministério colaborou na investigação
A investigação da Unidade Nacional Contra a Corrupção da Polícia Judiciária foi acompanhada de perto pelo Ministério da Saúde, que colaborou fornecendo todos os dados necessários.

O extenso número de profissionais da área da Otorrinolaringologia envolvidos no esquema deixou, aliás, não só os inspetores da Polícia Judiciária estupefactos, como o próprio Ministério de Paulo Macedo. A acusação formal deverá ser deduzida nos próximos meses.

* As vigarices congeminadas por médicos, farmácias e laboratórios parecem inesgotáveis.


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