Sexo, taxas e incentivos
Já muitos países tentaram quase tudo para inverter a queda vertiginosa das suas taxas de natalidade.
Houve quem arriscasse medidas excêntricas, como Singapura (que tentou
vender a ideia de procriação como um acto de patriotismo) ou a Coreia
do Sul (cujo governo decretou que a iluminação nas empresas se
desligaria a partir das 19h, um dia por mês, para obrigar todos a irem
para casa mais cedo) ou o Japão (que criou um pequeno robot para simular
emoções e despertar instintos maternais). Houve medidas controversas,
como as da Lituânia (que obrigou os cidadãos a pagar os custos de
contracepção) ou da Rússia (que chegou a criar um dia nacional da
concepção).
Houve ainda quem preferisse a técnica do chicote à da cenoura, como
fez a Roménia (que passou a castigar com impostos mais elevados as
famílias sem filhos) ou quem seguisse uma via mais conservadora, como a
França (que criou um salário mínimo para a mãe cuidar do seu terceiro
filho e reduziu a carga fiscal das famílias numerosas).
Não faltam casos e, a avaliar por alguns destes exemplos,
criatividade também não. O que falta são resultados. As taxas de
natalidade na maioria destes países continuaram a encolher, o que
decerto significa que boa parte destas medidas não será a mais indicada
ou a mais mobilizadora. Mesmo em economias de sucesso, onde políticas de
salários para mães e bónus para famílias resultou num aumento do número
de filhos por mulher, esse crescimento foi sempre ligeiro. Vários
estudos económicos concluem mesmo que um aumento na ordem dos 25% na
despesa pública com incentivos à natalidade se reflectem numa mera
subida de 0,6% na taxa de fertilidade a curto prazo e de 4% num período
mais longo. Por cá, o alerta vermelho continua a disparar nas
estatísticas.
O número de filhos por mulher encolhe a cada ano que passa e a
população portuguesa segue o ritmo. As justificações são muitas e mais
do que debatidas: mulheres pressionadas pela carreira, orçamentos
depenados com a crise, falta de apoios e incentivos às famílias, entre
outras, são as que os especialistas destacam com maior frequência. Mas
não justificam tudo. Não explicam por que existem empresas em Portugal
que ainda despedem trabalhadoras grávidas. Ou que “obrigam as mulheres a
assinar declarações em como não engravidam nos próximos cinco ou seis
anos”, como denunciou o professor da Universidade Católica, Joaquim
Azevedo, em entrevista à Antena1 – ele que é também o líder do grupo de
trabalho encarregue de apresentar um plano de promoção da natalidade no
país. Como também não explicam como existem mulheres dispostas a abdicar
desse direito para uma empresa (mas vamos acreditar que é só livre
arbítrio). Certo é que o mercado de trabalho e a falta de condições e
de apoio à maternidade estão entre os grandes culpados pela decisão de
ter cada vez menos filhos. Resolver o problema é urgente, até porque é a
própria sustentabilidade e sobrevivência do país que estão em risco. As
soluções não são fáceis e até podem passar por mais incentivos e
subsídios. Mas há pelo menos dois problemas que é preciso resolver antes
de tudo.
O primeiro é de atitude, a começar pelas empresas que devem apoiar em
vez de penalizar quem tem ou quer ter filhos – não faltam bons exemplos
de empresas cuja produtividade cresceu em paralelo com políticas de
apoio às famílias de colaboradores. O outro problema é de expectativa, a
começar pelos portugueses que hoje não sabem quando vão ter melhores
condições para criar, educar e fazer crescer um filho num país onde
ainda falta emprego, a educação está em reforma e há uma dívida gigante
para pagar. Esses seriam, para começar, os melhores incentivos. E,
provavelmente, não precisam de esperar nove meses para verem a luz do
dia.
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
19/06/14
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Estranho!! Eu pensava que o nosso problema era termos mais habitantes do que aqueles que o planeta pode sustentar. Daí a poluição, o esgotamento das fontes de energia e de outros produtos extraídos da terra. Lutar contra o desperdício (como apagar as lâmpadas de stand by e outras ridicularias) não resolve nada. A única solução é passarmos a ter menos habitantes. Se todos os humanos que já viveram ressuscitassem seriam em menor número do que os que hoje vivem!! O crescimento é exponencial, sabem o que isto significa? Medidas para aumentar os nascimentos equivalem a um suicídio da espécie humana.
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