30/06/2014

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  "JORNAL DE NOTÍCIAS"

Carlos Fiolhais acusa Governo 
de liquidar a Ciência em Portugal

O cientista Carlos Fiolhais considerou esta segunda-feira que a Fundação para a Ciência e Tecnologia e o Ministério da Educação e Ciência "estão a liquidar" a ciência em Portugal, criticando as recentes classificações e cortes a unidades de investigação. 

O Governo "está a matar a árvore do desenvolvimento", disse Carlos Fiolhais citado pela agência Lusa, referindo que se "está a tentar criar uma política científica de alienação e de separação, onde reina a pura arbitrariedade".

O físico da Universidade de Coimbra contestou os critérios utilizados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) que levaram a que um quarto das unidades de investigação, que tiveram classificação inferior a "bom", ficasse sem financiamento.

"A classificação que está a ser dada é perfeitamente arbitrária e nem atende aos critérios de excelência da FCT", sublinhou, afirmando que as notas foram dadas "sem qualquer explicação, sem diálogo e sem conhecimento da realidade" de cada centro.

O processo de avaliação, em que "há falta de transparência" na sua realização, "escolhe uns, e os outros deixa morrer, condenados de forma sumária", observou, recordando que, em Coimbra, o Centro de Física, resultado de uma fusão entre duas unidades de investigação "que tinham a classificação de muito bom", pela FCT, ficou excluído de financiamento.


O Centro de Física Computacional e o Centro de Difracção de Raio X "fizeram o que pediram" e juntaram-se num só centro, "e agora o Governo diz que não os quer e dispensa pessoas que trabalhavam entusiasmadas na sua área".

"Não há lógica nenhuma. É uma embrulhada sem sentido nenhum", frisou, notando que o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, se "demitiu do seu papel" e que a FCT, "que já teve direções que prezavam a cultura científica, tem hoje uma gestão burocrática, feita por burocratas, que recorrem a folhas de cálculo".

O processo visa também, no seu entender, potenciar a centralização da investigação.
Segundo Carlos Fiolhais, o Governo "não tem uma ideia de futuro para o país", sendo que, com a atual política científica, "perde-se variedade, dispersão territorial e ligação ao ensino superior".
"Não há confiança na política científica", reforçou, lembrando ainda "a redução do número de bolsas" para investigação.

A ciência era "uma das poucas áreas em que Portugal se aproximava da Europa", mas as atuais medidas "só desbastam, podam e acabam com aquilo que existe", concluiu o cientista.

Setenta e uma unidades de investigação, de um total de 322 que se candidataram em 2013 a fundos públicos, não vão receber financiamento, revelam os resultados da primeira fase da avaliação divulgados a 27 de junho pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

As 71 instituições tiveram classificação inferior a "bom", nota a partir da qual as unidades podem ter direito a um financiamento base unitário variável entre cinco mil e 400 mil euros por ano, consoante a sua dimensão, o trabalho desenvolvido e o resultado da avaliação.

*Se um governo  não houve os cientistas é porque se tornou num governo zombie.


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