09/06/2014

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HOJE NO
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Desemprego, depressão e 
solidão entraram nos consultórios
 dos médicos de família

Famílias separadas, incerteza sobre o futuro ou assédio moral no trabalho tornaram-se queixas frequentes nos centros de saúde
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Palpitações que não são fraqueza do coração. Dores de estômago sem nenhum problema gástrico de base. Acordar a meio da noite e não voltar a adormecer. Precisar de fisioterapia e não saber como a vai pagar porque o marido não recebe há três meses. A mãe só sossega a dormir ao lado dos filhos, para se sentir acompanhada depois de o marido ter emigrado.

O utente humilhado no trabalho entra no consultório em desespero: “Tenho de ficar em casa se não um dia mato alguém.” A vida dos médicos de família mudou. Sentem-se a cumprir a sua missão: cuidar da saúde, segundo a definição da Organização Mundial de Saúde, é zelar pelo bem-estar físico, psicológico e social. Mas a tarefa está mais exigente. Há cada vez mais queixas que dificilmente se resolvem só com comprimidos.

“Se me dizem que estão desempregados, está meio diagnóstico feito”, resume José Baptista Pereira, médico de família da Unidade de Saúde Familiar (USF) de Baltar, concelho de Paredes. Perguntar pelo trabalho tornou-se sagrado nas suas consultas. A pergunta funciona como se fosse um atalho: “As pessoas não fazem logo a ligação entre o que estão a sentir e a parte psíquica.” Falam simplesmente de dores no peito, dificuldades em respirar. “Acabamos por pedir exames para eliminar hipóteses até porque, em utentes de meia-idade, não é óbvio descartá-las e existe sempre preocupação”, explica. 

* Enquanto o governo se preocupa no terrorismo verbal contra o TC.


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