17/05/2014

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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

Na violência doméstica 
a mulher é vítima e cúmplice

A mulher é vítima, mas também cúmplice da violência doméstica e isso obriga a uma mudança de paradigma na forma de intervir, defende o psicólogo forense Mauro Paulino, autor de um estudo sobre a caracterização das vítimas de violência conjugal. 

O estudo, "Vítima ou Cúmplice? Caracterização da mulher vítima de violência conjugal na região de Lisboa e Vale do Tejo" foi realizado com base em 76 entrevistas e análise de 458 processos da delegação de Lisboa do Instituto Nacional de Medicina Legal.
O ROSTO DA CUMPLICIDADE  

Em declarações à agência Lusa, Mauro Paulino defendeu que a mulher que é agredida tanto é vítima como cúmplice, mas fez questão de clarificar que isso não significa que esteja a defender que a mulher é de alguma forma culpada.

"Enquanto técnicos e profissionais temos de honrar a ciência e a ciência é fria a ler os dados. Então, temos de responsabilizar uma mulher que fica 13 anos numa relação violenta", disse.

"É claro que compreendemos o contexto violento, ameaças de morte, essas questões todas, mas ainda assim temos de mostrar a estas senhoras que existe um apoio social, técnicas de intervenção que lhes permitem sair daquela situação", acrescentou.

Defendeu, assim, a necessidade de se ir além de uma intervenção do ponto de vista social, partindo para uma intervenção mais profunda, ao nível da parte psicológica.

"A investigação mostra-nos que todos temos determinados padrões de relacionamento que se não forem alterados, faz com que esta vítima saia de uma relação e muito provavelmente vá procurar um outro companheiro com as mesmas características", explicou.

Essa intervenção passa por explicar à vítima que "o entendimento que ela tem de si e da situação potencia a relação violenta e potencia que volte a entrar numa relação violenta".

"Aquilo que acontece num processo psicoterapêutico não é mudar o mundo, é transformar a forma como a pessoa se entende a si, aos outros e aos eventos da sua vida. Quando isto se consegue alterar, vai mudar o tal padrão de relacionamento", referiu.

Com base nos dados do estudo, Mauro Paulino concluiu que o que está a ser feito em matéria de intervenção "é pouco" e defendeu mais ação ao nível da prevenção, sustentando que a violência doméstica é um problema de saúde pública.

"Está comprovado que as vítimas vão mais vezes aos hospitais, estão mais tempo de baixa, são pessoas que produzem menos e isto tem também uma vertente económica".

No entender do investigador, há também um completo desfasamento entre os horários de funcionamento dos gabinetes e linhas de apoio, apontando que muitos funcionam das "nove à uma e das duas às cinco", quando a maior parte das agressões acontecem ao fim-de-semana e à noite, principalmente entre as 19:00 e as 24:00.

Questionou igualmente a formação dos agentes da PSP e da GNR, dando como exemplo o caso de uma mulher que pede ajuda às autoridades, vai para uma casa abrigo e depois volta para o marido.
"Quando voltou a pedir ajuda, os polícias, à frente dela, fizeram apostas para ver quanto tempo é que ela durava na casa abrigo", contou.

Mauro Paulino defende igualmente uma intervenção nas escolas porque o estudo permitiu constatar que muitas mulheres não se reconhecem enquanto vítimas quando sofrem a primeira agressão, o que faz com que desvalorizem a situação e não peçam ajuda.

* O sr. Paulino saberá muito da matéria mas pouco da língua portuguesa. 
Não há cumplicidade quando o agredido leva porrada e não reage, existe medo, muito medo e as estatísticas provam-no, dezenas de mulheres mortas por ano mesmo quando já estão separadas do agressor. 
A ciência não é fria, alguns cientistas talvez, cumplicidade é outra coisa, tento na língua exige-se.

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