25/05/2014

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ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"

Nigéria: 
Deborah Peter também foi vítima 
de Boko Haram 
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Três homens do grupo terrorista mataram o seu pai e o seu irmão e obrigaram-na a deitar-se em cima dos corpos. Ela relatou a sua história no Capitólio

22 de Dezembro de 2011. 19h. Deborah Peter, uma adolescente nigeriana, então com apenas 12 anos, estava em casa com o irmão quando começou a ouvir um tiroteio. “O meu irmão ligou ao meu pai e disse-lhe para não vir para casa, por causa do que se estava a passar, mas ele disse-lhe para esquecer”, recorda, pormenorizadamente, a adolescente. 

Trinta minutos depois, três homens armados entraram-lhes casa e exigiram que o seu pai, um pastor cristão, renunciasse à sua fé para se converter ao Islamismo. “O meu pai disse-lhes que preferia morrer do que ir para o Inferno”, conta. Então, alvejaram-no três vezes no peito. 

Os três homens faziam parte do grupo de islâmicos extremistas chefiado pelo grupo Boko Haram. Inicialmente, pensaram em poupar o irmão de Deborah, por ser ainda muito novo, mas depressa mudaram de ideias e alvejaram-no duas vezes na cabeça. Deborah Peter recorda esse momento, sem lhe falhar a voz, e pensa que o pai – que ainda respirava – morreu nesse instante, ao ver o filho a ser baleado brutalmente.
O episódio traumático não acabou ali: depois de matarem o pai e o irmão, os terroristas obrigaram a adolescente a deitar-se em cima dos cadáveres. E ela ali ficou até à manhã do dia seguinte. 

Três anos depois – e na sequência do recente rapto de mais de 200 raparigas nigerianas exactamente pelo mesmo grupo de extremistas islâmicos –, Deborah Peter, agora com 15 anos, recordou no Capitólio, perante a Comissão de Assuntos Estrangeiros dos Estados Unidos, a sua história.
As mais de 200 adolescentes nigerianas raptadas são da cidade natal de Deborah, que agora vive nos Estados Unidos. “Decidi contar a minha história, quando estas raparigas foram raptadas, porque todo o mundo precisa de saber todo o mal que Boko Haram já fez”, disse perante as câmaras. “O grupo mata pessoas que nunca lhe fizeram mal. Espero que estas raparigas ganhem coragem através da minha história e se mantenham fortes.”


A coragem de Deborah Peter faz lembrar Malala Yousafzai, a paquistanesa atingida a tiro na cabeça por talibãs por defender publicamente a educação das mulheres no Paquistão. Durante esta espécie de conferência – que foi filmada e fotografada, e onde Deborah Peter mostrou a mensagem “Tragam de volta as minhas irmãs” –, a adolescente manteve-se firme e a voz só lhe sumiu quando lhe perguntaram o que sentia em relação a Boko Haram.
Respondeu: “É uma pergunta difícil, penso que eles são maus. Mas não posso julgá-los. A Bíblia diz que não devemos julgar.” Depois daquela noite fatídica, Deborah Peter foi ajudada por outro pastor cristão a sair do país, com a sua mãe. Foi então que fugiu para os Estados Unidos. Hoje, frequenta uma escola cristã em Grundy, uma pequena cidade no estado de Virginia.  

Nos últimos anos, grupos terroristas islâmicos, e sobretudo o Boko Haram, têm fustigado as comunidades cristãs do norte da Nigéria, destruindo não só igrejas mas cidades inteiras. O resultado? Centenas de mortos. O paradeiro das mais de 200 estudantes nigerianas raptadas em Abril continua por descobrir. 

* Tudo em nome de Alá! Bolas, bolas.


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