24/05/2014

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Espírito Santo pressionado a vender
. empresas para sobreviver

Escom, Tranquilidade e Hotéis Tivoli são apenas algumas das empresas que o grupo vai vender. O objetivo é reforçar capital e garantir que as contas ficam definitivamente sanadas

Um dos grupos mais influentes e importantes do país, presente em vários sectores, desde a banca, à saúde, passando pelo turismo, está a passar por uma profunda reestruturação. O Grupo Espírito Santo (GES) está em rápida mudança, a vender ativos para sobreviver e é certo que nada será como dantes.

A história do grupo, nos últimos anos, fez-se com a aposta em diferentes áreas que ficaram concentradas no braço não financeiro: Rioforte. Da segurança, ao turismo, construção, imobiliário, viagens, saúde, energia ou mesmo agropecuária, o GES está presente em praticamente todos os sectores de atividade, sendo reconhecido como um importante player na economia nacional.

Mas a história está prestes a mudar e o universo Espírito Santo vai encolher.
O grupo já tinha começado a desfazer-se de alguns ativos, mas agora, por necessitar de sanar as contas, terá de acelerar o processo de venda. Depois de ter alienado as participações financeiras na EDP e Zon, vendeu a NetViagens, dispersou 49% da Espírito Santo Saúde em bolsa, e não está colocada de parte a possibilidade de dispersar mais. 

Vai ainda aumentar em mil milhões de euros o capital Rioforte, com o objetivo de, mais tarde, colocar a empresa em bolsa. 


O grupo tem ainda à venda a Escom (um dos principais investidores em Angola, com negócios nas áreas da mineração, imobiliário, obras públicas, agricultura, aviação, energia, entre outros), os Hotéis Tivoli, um imóvel em Miami, património no Brasil, e já recebeu seis propostas pela seguradora Tranquilidade, tal como o Dinheiro Vivo noticiou em primeira mão. Mas a lista não fica por aqui. Aliás, foi o próprio presidente do BES, Ricardo Salgado, que afirmou, em entrevista ao Jornal de Negócios, que "há "n" coisas que podem ser vendidas".

"Vão-se os anéis, ficam os dedos". E é mesmo isso que o grupo está a fazer, a vender os inúmeros anéis para manter os dedos e garantir que não existe qualquer incumprimento, como Ricardo Salgado garantiu ser o objetivo.

Nestas mudanças no grupo, nem o BES Investimento parece escapar. O banco de investimento está a negociar a entrada de investidores de Abu Dabhi na sua estrutura acionista, avançou o Expresso. Caso o negócio se venha a concretizar-se, os árabes poderão ficar com 45% do capital, o BES com os outros 45% e 10% ficarão nas mãos da gestão. 


Na cascata de participações da família Espírito Santo, a ESI controla o Espírito Santo Financial Group (ESFG) que, por sua vez, é o maior acionista do BES. Dentro do grupo, algumas empresas financiavam-se através do banco. Os problemas começaram a surgir no braço não financeiro do grupo. E para garantir que não há contaminação ao banco foi posto em marcha um plano de reestruturação que prevê a separação por completo da área financeira da não financeira. 

O distanciamento que se pretende é de tal forma que as empresas da área não financeira deixarão de ter a marca "Espírito Santo".

Irregularidades obrigam a reforço de capitais
No final do ano passado, o ESFG foi obrigado a fazer uma provisão de 700 milhões de euros para cobrir o risco de não pagamento de papel comercial (títulos de crédito) de empresas do grupo que tinha sido vendido pela rede de retalho. 

A fragilidade das contas do grupo ficou ainda mais visível com a publicação do prospeto de aumento de capital do BES. O documento referia que na auditoria do Banco de Portugal às contas da Espírito Santo Internacional (ESI) foram detetadas "irregularidades" nas contas da holding que controla o Grupo Espírito Santo e que a "sociedade apresenta uma situação grave".


O BES admitia no prospeto que estas irregularidades poderão ter um impacto reputacional na instituição liderada por Ricardo Salgado, bem como no preço das ações. 

O banco está a realizar um aumento de capital de 1045 milhões de euros com o propósito de reforçar os rácios de capital e preparar-se para os testes de stress a que vão ser submetidos pelas autoridades europeias, juntamente com outros bancos.

* Por vezes os poderosos não passam de tigres de papel, quem diria esta capacidade para tão má gestão.
- Oh Dona Inércia, oh Cristiano, belos conselhos hein!


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