ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"
Uma rejeição absoluta e unânime
do Estado Novo
Estudo do Instituto de Ciências
Sociais da Universidade de Lisboa, agora revelado pelo Expresso, sobre a
forma como os portugueses veem hoje o Estado Novo indica que o 25 de
Abril é considerada a data mais importante da nossa História.
E viva o 25 de Abril! Se alguma coisa resulta deste
estudo, feito pela segunda vez em dez anos (houve um outro em 2004), é
isso mesmo: os portugueses rejeitam o passado ditatorial e consideram o
25 de Abril o acontecimento mais importante da sua História, entre todos
os outros.
Porquê? As interpretações são várias e a ignorância (e
de quem é a culpa?) não é com certeza a menor das explicações. Mas
hoje, à distância de 40 anos de democracia, esbateram-se as divisões,
sobretudo sobre o período imediatamente após o golpe, que se tornou numa
Revolução porque, como se sabe, o povo saíu à rua e apoiou, ovacionou e
saudou a libertação.
A rutura foi clara e há, para novos e velhos, um antes e
um depois - e os portugueses no seu conjunto orgulham-se dela. É
singular a transição portuguesa. Poucas são as de cariz democrático que
ocorreram por força de um golpe de estado militar e ainda por cima logo
seguido de uma crise profunda do Estado e de fortes movimentos sociais,
onde foi muito forte a dinâmica da punição (os saneamentos, expulsões,
exílio) e a pulsão anticapitalista.
O pêndulo do 25 de novembro haveria de oscilar para o
outro lado até se restabelecer o equilíbrio. Mas, sobretudo, nenhuma
outra transição conheceu de imediato e em simultâneo uma descolonização,
ao ponto de o fim do regime ser identificado com o fim da guerra e o
desta com o fim do regime.
Não é por acaso, aliás, que é essa a primeira motivação
dos militares que fazem o golpe. Depois, à medida que o tempo passa,
some-se na memória a lembrança de quem foi o quê num regime de que
ninguém nunca politicamente ousou reclamar-se depois dele.
* VIVA O 25 DE ABRIL
.
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