04/04/2014

ANA RITA GUERRA

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É ele quem 
vai dominar o mundo 

Os investidores estão nervosos e os analistas surpreendidos com as compras sucessivas de startups e empresas por preços elevados 

Duas horas antes da hora marcada para a apresentação, já havia um acampamento à porta do auditório principal da Fira de Barcelona. Mark Zuckerberg ia falar, nem interessava sobre o quê, no primeiro dia do Mobile World Congress. O entusiasmo e a curiosidade eram palpáveis.

Entrou sorridente, vestindo uma tshirt cinza e calça de ganga escura. Falou com uma naturalidade assombrosa de como o seu objectivo é ligar à internet os dois terços do mundo que ainda não têm acesso. Este é o homem que fundou o Facebook e que pôs em sentido os tubarões de Wall Street. O dono do Instagram. O louco que comprou o WhatsApp pela quantia incrível de 12 mil milhões de euros. Ele é, basicamente, o homem que não vai parar até dominar o mundo.

"Depois de comprar uma empresa por 16 mil milhões de dólares, provavelmente vais ficar quieto por uns tempos", disse Zuckerberg, quando lhe perguntaram se ia continuar a adquirir empresas. 

Ou então não. Na semana passada, o Facebook fisgou a startup de realidade virtual Oculus por 1,4 mil milhões de euros. E depois foi uma empresa de drones a energia solar, a Ascenta – embora por uma "pechincha", 14,5 milhões de euros.

Zuckerberg tem comprado tantas empresas que há uma entrada na Wikipédia só para isso (a lista vai em 46, entre 2005 e 2014). Mesmo com tremenda liquidez e as ações acima dos 60 dólares (o preço do IPO foi de 38 dólares, em 2012), esta estratégia de comprar tudo o que mexe começou a fazer correr tinta. Será Zuckerberg um doido que anda a queimar o dinheiro dos seus investidores? Ou será um visionário, com dedo cirúrgico na hora de comprar as startups que serão relevantes no futuro?

A maioria dos analistas torceu o nariz à compra da Oculus RV, como também já tinham franzido o sobrolho na aquisição da WhatsApp – não pelo mérito da plataforma, mas pelo preço muito inflacionado.

Mas os analistas não são propriamente dados a epifanias nem a apostas arriscadas. Tão pouco o são os investidores, que penalizaram o Facebook em bolsa, com uma queda de 7% do preço de cotação assim que o negócio com a Oculus RV foi conhecido.

Há quem questione se Zuckerberg se passou, literalmente. Talvez ter 1,3 mil milhões de utilizadores no seu site o tenha feito perder o contacto com a realidade. Ou talvez ele seja quem é – o dono do maior império em potência da Internet – precisamente porque faz o que outros não fariam. Ele tem uma agenda, e uma grande ambição. Sabe que tem de estar um passo à frente, tal como a Google soube, em 2006, que o YouTube era a próxima grande coisa – apesar do espanto do mercado com o negócio de 1,2 mil milhões de euros.

Mark Zuckerberg nasceu em 1984. George Orwell teria medo dele. 

IN "DINHEIRO VIVO"
01/04/14


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