17/03/2014

FERNANDA MESTRINHO

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Come e cala

"A pátria não se discute", dizia Salazar, e mandava prender; a reestruturação da dívida não se discute, e Cavaco Silva exonera dois consultores. Houve deslealdade? A liberdade de consciência não se negoceia.

Faz amanhã 40 anos, os militares das Caldas tentaram derrubar o regime. Foi um prenúncio falhado do 25 de Abril. O chefe e vice-chefe de Estado-Maior das Forças Armadas foram exonerados. Eram Costa Gomes e Spínola. Deviam ter avisado Américo Tomás que iam aderir à revolta militar.

Regressavam um mês depois, com o 25 de Abril, foram presidentes e morreram marechais.

Assiste-se agora a uma histeria contra o Manifesto dos 70, que vão de Manuela Ferreira Leite a Bagão Félix, António Saraiva, presidente da CIP, ou Francisco Louçã. Também estes cometeram o crime de lesa-majestade de não pedir o visto prévio aos mercados.

Há momentos em que cidadãos com a importância destes colocam a sua liberdade acima das conveniências. O poder desvairou com este consenso.

Tem outra opinião, é legítimo, mas não pode insultar. Não é o guardião do interesse nacional e não pense que "nunca se engana e raramente tem dúvidas".

Há 40 anos, com o jornalista sénior Pedro Alvim, do "Diário de Lisboa", na altura era assim, bati à porta de Spínola. Atendeu-nos, ouvia-se a rádio. Sabe do golpe das Caldas? Estou em casa, respondeu educamente. O regime não acreditou na sua lealdade silenciosa.

PS: Quando oiço Eduardo Catroga forro-me de paciência chinesa.
 
Jornalista/advogada

IN "i"
15/03/14


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