10/03/2014

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HOJE NO
"CORREIO DA MANHÃ"

Luxemburgo discute valor da 
língua portuguesa no país

Um quarto da população do Luxemburgo fala português.

Um partido nacionalista do Luxemburgo questionou o governo do País sobre um anúncio de emprego a pedir candidatos que falem português. O partido ADR questionou no Parlamento um anúncio publicado por uma associação de apoio a crianças, jovens e famílias, pedindo candidatos para uma vaga de educador que falassem português, além das três línguas oficiais do Luxemburgo.
O deputado Fernand Kartheiser, do ADR, perguntava ao ministro da Educação do Luxemburgo se "considerava normal" que uma associação subsidiada pelo Estado exigisse o conhecimento de uma língua que não faz parte dos idiomas oficiais do país, acusando-a de "favorecer" os falantes de língua portuguesa e de não contribuir para a integração dos estrangeiros.

Na resposta, o ministro defendeu que "neste caso concreto não se trata[va] de familiarizar as pessoas com as línguas oficiais do país ou de facilitar a sua integração, mas de as compreender e ajudar", uma posição aplaudida pelo presidente da CCPL.

José Coimbra, presidente da Confederação da Comunidade Portuguesa no Luxemburgo (CCPL), receia que esta questão possa aumentar a clivagem entre portugueses e luxemburgueses. Coimbra refere que " questão linguística no Luxemburgo é uma questão incendiária que inflama os espíritos de toda a gente, mas questionar o Governo por uma associação pedir um funcionário que fale português é caricato". O presidente desta entidade conclui que "a língua deve ser um veículo de comunicação e não de exclusão. Por que carga de água é que haviam de atacar uma língua de comunicação falada por um quarto da população no Luxemburgo? Isto é criar um problema onde não existe, e tentar criar aqui uma convulsão social", defendeu José Coimbra de Matos.

Esta não é a primeira vez que o ADR, conhecido pelas posições nacionalistas, leva ao Parlamento questões relacionadas com a língua portuguesa.

O partido questionou em 2008 o projecto de abrir uma escola portuguesa no Luxemburgo, apresentado pela Universidade Lusófona, que não chegou a concretizar-se, por causa de entraves do Governo luxemburguês, segundo o dirigente associativo. Na altura, o ADR perguntou à ministra da Educação se não temia que a aprovação do projecto da escola lusófona levasse a comunidade muçulmana a exigir igualmente escolas privadas no país.

PORTUGUÊS É UMA VANTAGEM PROFISSIONAL
Falar português é uma mais-valia no Luxemburgo e "não um factor de discriminação", e há mesmo luxemburgueses e outros estrangeiros que estão a aprender a língua, considerando-a uma vantagem profissional", afirma o professor Carlos Pato, que preside também o Sindicato dos Professores no Estrangeiro.

Convidado a comentar as questões que o deputado do ADR levantou no Parlamento luxemburguês, Carlos Pato explica que "a ideia que me assaltou de imediato é que o senhor está a ver o filme ao contrário. Não há aqui nenhuma discriminação, há sim uma mais-valia e uma vantagem em falar português. Até nos bancos sentem que o facto de os funcionários falarem português é uma vantagem, por causa da grande população portuguesa no país", defendeu o docente, frisando que "há muitos estrangeiros e luxemburgueses que vão aprender português para poderem falar com os clientes e utentes".

Carlos Pato acusou o ADR de sectarismo e sublinhou ainda que "o português é a sexta língua mais falada no mundo, e não se pode secundarizar desta forma uma língua com esta importância". O dirigente sindical concluiu que esta situação "é uma forma de não querer dar o real valor aos falantes da língua portuguesa, ignorando o impacto económico dos 110 mil portugueses que vivem no país e pagam aqui impostos, e de todos os que querem aprender português".

* Há poucas dúvidas sobre a essência xenófoba do ADR.


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