09/03/2014

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ESTA SEMANA NO
"EXPRESSO"

O risco geopolítico saiu do armário
 com a crise da Crimeia

O pico da crise da Crimeia provocou uma queda nas bolsas mundiais de 1,2% no dia 3 de março. Alguns analistas já a batizaram de "segunda-feira negra". 

O impacto da crise da Crimeia saldou-se por uma queda na valorização bolsista mundial de 1,2% no dia 3 de março, segundo o índice MSCI AC World. Contudo, não é comparável com o trambolhão ocorrido ao longo de oito sessões consecutivas de 24 de janeiro a 4 de fevereiro, em que aquele índice mundial caiu 4,9%, em virtude de mais um surto da crise das economias emergentes, motivado pela "fuga" dos investidores internacionais daquelas paragens. No conjunto da semana, o índice mundial fechou ligeiramente positivo (0,31%).

O impacto mais forte da "segunda-feira negra" nos mercados financeiros registou-se na Bolsa de Moscovo e nas economias emergentes da Europa de Leste, com destaque para as bolsas da Ucrânia, Letónia, Polónia e Hungria. No entanto, por mais paradoxal que pareça, o efeito negativo, no conjunto da semana, no índice da Bolsa de Kiev foi ligeiro (apenas 0,8%). 
No conjunto da semana, os maiores impactos negativos registaram-se nos índices da Bolsa de Moscovo, que caíram 8,36%, no índice geral da bolsa de Riga (Letónia) que desceu 6,8%, no índice da Bolsa de Budapeste (Hungria) com uma queda de 3,46% e no índice da Bolsa de Varsóvia (Polónia) com uma redução de 3,3%. No conjunto dos mercados emergentes da Europa de Leste, a queda semanal foi de 6,85%. 
A "segunda-feira negra" saldou-se por uma quebra de 2,5% no índice MSCI para o conjunto das bolsas europeias. No caso do PSI 20 da Bolsa de Lisboa, a redução foi de 2,57%. O impacto negativo nos Estados Unidos foi ligeiro(o Dow Jones caiu 0,94%) e no conjunto das economias emergentes foi de 1,63%. 
No entanto, no conjunto da semana, só o índice MSCI para a Europa se manteve no negativo (quebra de 1,16%). Os índices MSCI para os Estados Unidos e para os mercados emergentes tiveram valorizações de 0,92% e 0,03% respetivamente. O PSI 20 subiu 1,3% em termos semanais.
A prosseguir, a crise da Crimeia poderá ter um impacto importante nos mercados de commodities em duas áreas, a da energia (particularmente no gás natural em que a Ucrânia é local de passagem de gasodutos russos) e das matérias-primas agrícolas (como o trigo, em que a Ucrânia é um dos 10 produtores mundiais).
Em virtude do crash bolsista em Moscovo, do disparo da desvalorização do rublo (7% nos últimos 30 dias em relação ao euro) e do acentuar da saída de capitais internacionais com posições na dívida pública em rublos, a Rússia - um dos BRIC - entrou para o "clube" das economias que se estão a revelar mais frágeis em 2014.

Três crises que poderão interligar-se  
A economia mundial está agora a sofrer o impacto de três crises que poderão interligar-se.

A mais recente é a crise geopolítica provocada pela crise da Crimeia, tirando o risco geopolítico do armário e obrigando os investidores internacionais e os banqueiros centrais a recolocá-lo nos "cenários". Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), ironizou, esta semana, que a geopolítica ia muito para além da mente dos "humildes" banqueiros centrais, mas este tópico vai marcar as suas reuniões nos próximos tempos.No entanto, não deixou de dizer que era preciso levar a sério o tema: "Os riscos geopolíticos na área podem tornar-se rapidamente substanciais e gerar desenvolvimentos que são imprevisíveis e potencialmente de grande importância". Para bom entendedor, basta.
Junta-se a crise das economias emergentes que está a desenvolver-se desde o verão do ano passado (já com três surtos, em junho e outubro de 2013 e mais recentemente em fevereiro passado).
A mais antiga é a crise das dívidas soberanas na zona euro, com um processo de desinflação (taxa de inflação muito baixa que se poderá manter por um período prolongado, como refere o BCE) e a manutenção de altos níveis de desemprego, de elevado hiato do produto (diferença em relação ao PIB potencial, um indicador para o qual Mario Draghi chamou à atenção esta semana) e de rácios da dívida soberana em quatro periféricos muito superiores a 120% do PIB (Grécia, Itália, Portugal e Irlanda). 
A este trio de crises junta-se o abrandamento do crescimento da China, a segunda maior economia do mundo, que tem sido o "motor" do aumento anual do PIB mundial.

* Para além desta análise com a qual  muito aprendemos, ressalta em termos geopolíticos o à vontade com  que Putin troça dos líderes da  União  Europeia e até de Obama, está-se marimbando para a verborreia ocidental,  a "URSS" ainda existe!
Parafraseando o grande Almada Negreiros, os líderes europeus são a nossa impotência.

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