12/03/2014

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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"

Preços aproximam-se da estagnação
 no arranque do ano

Inflação recuou 0,1% em Fevereiro, contra uma expectativa de crescimento de 0,3%. Revisões das estimativas anuais sobre a evolução dos preços são prováveis.
Ao contrário das expectativas dos economistas que acompanham a evolução dos principais indicadores da economia portuguesa, os preços dos bens e serviços recuaram em Fevereiro, aproximando a taxa de inflação média do zero. 

Esta situação deverá levar os bancos de investimento a reverem em baixa as suas estimativas para a inflação de 2014 e, embora esta seja uma boa notícia para o poder de compra das famílias e a competitividade externa, aumenta o esforço que os devedores têm de enfrentar para fazerem face às suas responsabilidades.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os preços recuaram 0,1% em Fevereiro quando comparados com o mês anterior. Fevereiro é um mês onde tradicionalmente os preços têm uma evolução muito pequena ou até negativa, como lembra Filipe Garcia na análise para o blogue do Negócios Massa Monetária, mas esta queda acabou por surpreender os analistas.

José Miguel Moreira, do Montepio, lembra que as estimativas apontavam para um crescimento médio dos preços de 0,3%, pelo que, o desvio em relação aos -0,1% verificados levará o banco a rever desde já as suas previsões para este ano de 0,6% para 0,3%. Com os níveis de inflação média e homóloga próximos da estagnação, Paula Carvalho, do BPI, admite seguir os passos do departamento de estudos do Montepio. Mas prefere esperar por Março, mês em que os preços costumam sofrer um impulso devido às novas colecções de vestuário e calçado, explica ao Negócios.

A grande dúvida está em saber se este efeito de descida de preços é pontual ou se se sentirá de forma generalizada e durante um período duradouro, uma situação que colocaria a economia perante um problema de deflação. Uma quebra continuada dos preços levaria a uma contracção do consumo e do investimento, já que os agentes económicos adiariam as suas decisões para mais tarde, conduzindo a uma espiral recessiva. Mas, para já, os economistas desdramatizam este cenário.

Paula Carvalho recorda que ainda em 2009 o País enfrentou uma taxa média de inflação negativa, tendo depois invertido a dinâmica. Tal como então, Portugal está a sair lentamente de uma profunda recessão, e o ajustamento dos preços é o reflexo disso, lembram José Miguel Moreira e Paula Carvalho. A economista do BPI vê como positivo o facto de, "desta vez, o maior impacto ter vindo dos bens não transaccionáveis, que eram os mais resistentes a quedas de preços". Situação que "denota um aumento da concorrência e maior sensibilidade à variação da procura", diz.

Encarecimento das dívidas
Quedas de preços de bens são também sinónimo de um aumento da competitividade externa dos produtos portugueses, que se tornam mais baratos lá fora, e são sinónimo de um aumento do poder de compra das famílias. O reverso da medalha é o encarecimento das dívidas contraídas por particulares e Estado. Se os juros implícitos nos contratos forem superiores aos da inflação verificada, o esforço para pagar as dívidas será maior.

Em Fevereiro, a queda dos preços foi influenciada pelos preços dos transportes e do vestuário e calçado, que caíram 1,9% e 2,3%, respectivamente em termos homólogos. Em sentido inverso, subiu a classe habitação, água e electricidade. As rendas tiveram um papel determinante. 

* Uma boa ou má notícia?


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