Notas soltas
Alternativas ao chumbo do TC
Após
o chumbo da convergência das pensões por via de cortes abruptos e
retroactivos nas dos aposentados do Estado, procuram-se alternativas,
sendo a primeira que ocorre a de aumentar impostos, designadamente o
IVA, até porque se trata de uma medida com efeitos orçamentais
imediatos. O Tribunal abriu, porém, portas a uma mudança no sistema de
pensões que toque a todos, matéria que agradou ao governo, que vai
estudar o assunto. Ora isso bastou para não se falar do mais óbvio:
impor uma verdadeira renegociação das PPP e dos milhões que custam. Esse
sim, seria um corte orçamental definitivo e não pontual. De qualquer
forma, tem de se admitir que há um ponto do qual não se pode abdicar:
obter um regime de reformas mais uniforme. Isto com respeito pela regra
de ouro da Segurança Social, segundo a qual as mudanças têm de ser
graduais e não brutais.
No centro de tudo
Impressiona a redução do PSD a um grupo
limitado de protagonistas. Teresa Leal Coelho é o exemplo acabado. Chega
a ir de um canal de televisão para outro em menos de dez minutos, o que
é um recorde absoluto, como se mais ninguém conseguisse transmitir os
pontos de vista do partido. É certo que é casada com o chefe de gabinete
do primeiro-ministro, que é vice-presidente da comissão política e do
grupo parlamentar, além de coordenadora da área de Assuntos
Constitucionais e que dirigiu a campanha de Passos, mas mesmo assim
poderia haver mais gente a falar além desta ex-vice-presidente de Vale e
Azevedo e ex- -administradora do CCB. Por este andar ainda vai parar ao
Parlamento Europeu, o que lhe causaria dificuldade em comparecer na
Câmara de Lisboa, onde é vereadora.
Esquerda tresmalhada
Sucedem-se esforços para unir a esquerda tresmalhada, que se foi
desagregando fundamentalmente do Bloco, mas também do PCP da CDU. Rui
Tavares, com o Livre, e o Movimento 3D, com Daniel Oliveira, Carvalho da
Silva e Ricardo Araújo Pereira como protagonistas notáveis, são os
exemplos mais recentes. Não é evidentemente possível dissociar estas
movimentações da procura de bases futuras de entendimento com o PS. O
balão de ensaio são as europeias, mas futuramente há espaço para a
integração de independentes em listas dos socialistas ou para a
incorporação de elementos ex-Bloco num futuro governo, de forma a
dar-lhe uma base alargada de sustentação, uma vez que a única coisa
certa à esquerda é que a mão de ferro do PCP jamais aceitará uma
coligação com o PS, seja o de Seguro seja o de outrem.
Uma coisa e o seu contrário
A moção de Paulo Portas para o congresso do CDS é um remake de um
primeiro documento, que devia ter sido presente à reunião magna que
acabou por não se realizar, na sequência da crise política do Verão que
Portas desencadeou e lhe permitiu ascender a vice- -primeiro-ministro.
Dito isto, há dois pontos substanciais a assinalar: o tom crítico da
versão inicial foi apagado e a possibilidade de coligações nas
legislativas está redigida de tal forma que abre todas as possibilidades
sem se comprometer com nada. Apenas expressa o desejo de renovar uma
coligação após as legislativas.
Erro básico
É interessante ler retrospectivamente alguns articulistas que
peroraram sobre as consequências das eleições alemãs. Houve quem as
tivesse considerado mais importantes que as autárquicas nacionais.
Desenvolvia-se a tese de que, se Merkel não tivesse maioria absoluta e
ficasse dependente de uma coligação com os sociais-democratas, as coisas
iriam mudar em benefício dos países do Sul, para os quais haveria
tolerância alargada. Mas a realidade sobrepôs-se à ficção: o SPD
coligou-se com Merkel e toda a matéria de entendimento teve a ver
praticamente só com assuntos domésticos, mostrando que as prioridades
teutónicas continuam a sobrepor-se à solidariedade europeia.
IN "i"
21/12/13
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