ESTA SEMANA NA
"SÁBADO"
Conheceu o pai do rapaz
que lhe doou o coração
Will Pope fez um transplante no final do ano passado. Agora conheceu a família da pessoa que lhe salvou a vida
Há precisamente um ano a vida de dois jovens mudou radicalmente: um
sofreu um acidente tremendo e acabou por morrer; o outro, que estava à
beira da morte, com uma insuficiência cardíaca grave, recebeu um
transplante e salvou-se. O que têm os dois em comum? Will Pope, de 21
anos, foi o rapaz que recebeu um coração novo e Tom Ince, que tinha
então 20 anos, foi o dador.
As doações de órgãos por norma são anónimas e Will Pope não fazia ideia
da identidade da pessoa que lhe salvou a vida. Mas estava certo de uma
coisa: "Tinha consciência de que alguém tinha morrido para que eu
pudesse viver e isso é difícil de aceitar", disse ao 'Mail Online'.
Mas, há cerca de duas semanas, o inesperado aconteceu: Will
apertou a mão ao pai do rapaz que lhe salvou a vida, Steve.
Encontraram-se e essa ocasião foi filmada para servir de exemplo e
incentivar as pessoas a registarem-se como dadores de órgãos (já em
Portugal todas as pessoas são potenciais dadores, salvo registo em
contrário).
A história de Will tinha sido contada pelo 'Mail Online' e foi através
dessa reportagem, e da coincidência que existia relativamente às datas,
que Steve e Sue, os pais do falecido Tom Ince, chegaram ao contacto com o
rapaz que recebeu o coração do seu filho.
Will sofria de insuficiência cardíaca desde os 16 anos.
Acredita-se que a doença foi causada por um virus que lhe afectou
irreversivelmente o coração. O então adolescente fez uma grande cirurgia
no Harefield Hospital em Londres e instalaram-lhe um dispositivo de
assistência ventricular (chamado LVAD). Esperava-se que juntamente com a
medicação, esta máquina o ajudasse a recuperar.
Não foi o que aconteceu: Will foi piorando progressivamente e por volta
desta altura, no ano passado, estava a apenas algumas semanas de morrer.
Todas as outras opções terapêuticas tinham falhado e a sua última
esperança era mesmo um transplante de coração.
O dador, Tom Ince, de 20 anos, sofreu um acidente trágico a
30 de Dezembro de 2012. O então estudante de engenharia, natural dos
arredores de Bristol, despistou-se por causa da chuva torrencial e
chocou violentamente contra uma árvore. Quando foi transportado para o
hospital já tinha ferimentos muito graves, sobretudo a nível do
cérebro.
Quando os seus pais chegaram ao hospital, faltavam poucas horas para a
meia noite, um dos médicos informou-o que o estado de saúde do seu filho
era mais grave do que inicialmente se pensava e que ele tinha menos de
1% de probabilidades de sobreviver. Mais tarde, Tom entrou em morte
cerebral e o médico assistente teve de fazer a pergunta: "O seu filho é
dador de órgãos?"
Steve recorda-se bem desse momento: "Tive uma recordação muito forte de
uma coisa que o meu filho me tinha dito há uns tempos atrás. 'A
propósito pai, eu sou dador.' Lembro-me exactamente das palavras dele",
recorda ao jornal britânico.
* Na natureza nada se perde nada se cria, tudo se transforma, já dizia Lavoisier.
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