02/12/2013

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HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"

Anacom quer que medidor de 
velocidade na internet funcione 
como pressão sobre operadores

A Anacom lançou o Netmede, um serviço que permite testar a velocidade de internet oferecida pelos operadores. Não tem valor legal, mas o regulador acredita que vai funcionar como pressão junto dos fornecedores do serviço.

 A Anacom lançou o Netmede, um serviço que permite testar a velocidade de internet que tem em sua casa. Há que ter em atenção que se tiver um "router" wireless a velocidade diminui, por isso, para testar a velocidade real deverá ligar o cabo directamente ao acesso fixo.

Em conferência de imprensa, Fátima Barros, presidente da Anacom, explica que "apesar desta ferramenta não ser um instrumento com valor legal, ou seja, os resultados não podem ser usados para colocar em causa o contrato com os operadores, a ferramenta vai, no entanto, permitir que um consumidor insatisfeito possa fazer pressão sobre o operador que fornece o serviço".

A presidente da Anacom lembra, ainda, que os contratos em Portugal não contratualizam velocidades mínimas garantidas, mas apenas as máximas e é um valor de "até", onde cabe tudo.

Por isso, os resultados podem ter valor na pressão sobre os operadores, ainda mais quando os resultados podem ser partilhados (por exemplo nas redes sociais), e os operadores podem ficar com um custo reputacional.

O Netmede é lançado no âmbito da "preocupação com o consumidor" e "para aumentar a transparência no mercado". Pode, ainda, no futuro, até funcionar como meio de recolha estatística para avaliar, por exemplo, a qualidade do serviço. Mas Filipe Boa Baptista, administrador da Anacom, explica que isso será uma fase posterior, já que a Anacom fica apenas com informações brutas e não recolhe condições que seriam essenciais verificar num estudo estatístico.

Também para o futuro fica a promessa de ter um serviço adaptado aos telemóveis inteligentes ("smartphones") e "tablets".

A Anacom acredita que o serviço é de fácil utilização. E tem a vantagem, face a outros que existem, de permitir medir o "traffic shaping" (gestão de tráfego por parte do operador), que pode tornar mais lento o acesso para gerir melhor o tráfego, nomeadamente a serviços P2P (computador a computador) ou outros que requeiram maior largura de banda. Essa medição é feita por este simulador. A Anacom chama, no entanto, a atenção que a medição de gestão de tráfego demora cerca de 10 minutos e consome muitos dados, o que significa que para quem tenha tráfego limitado pode ser consumidor de boa parte desse tráfego.

Além de medir a velocidade no "download" (descarregar ficheiros) e do "upload" (enviar ficheiros), o Netmede permite verificar o "delay" (latência do serviço, ou seja, o tempo que demora a dar a resposta a uma determinada acção) e a evolução do "delay" e a gestão de tráfego.

Fátima Barros acredita, por isso, que este simulador "terá um impacto no mercado muito positivo e interessante", já que permite aos consumidores "ganhar mais informação sobre o serviço", o que por outro lado lhes permitirá "exigir mais dos seus operadores".

Para testar tem de ter a última versão java instalada no computador.

A latência (delay) típica nos acessos fixos é inferior a 10 ms (milisegundos), enquanto numa rede móvel de quarta geração pode ser de 35 milisegundos e numa de terceira geração pode chegar aos 100 ms. Um valor de "delay" acima de 150 ms significa já alguma repercussão na qualidade do serviço, especialmente se for uma aplicação mais interactiva.

Apesar de não estar a ser pensado incluir em Portugal velocidades mínimas garantidas como obrigatórias nos contratos, a Anacom garante que a informação contratual é uma das preocupações do regulador. "As condições dos contratos e evitar abusos é uma das áreas prioritárias da Anacom neste momento".

* É necessária uma ferramenta com valor legal e que os operadores não façam contratos falaciosos.
A DECO instituição que deveras defende o consumidor poderia liderar o processo de contestação .


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