07/11/2013

FERNANDA MESTRINHIO

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O livro

A morte não a matou. Fernando Dacosta, com o seu “Botequim da Liberdade”, faz reviver Natália Correia. A vulcânica e frágil, a genial polemista e poeta.

Esta mulher enfrentou um país analfabeto, amordaçado, moralmente hipócrita. Censurada, dizia – lê-se no livro – que até se “divertiu” na longa noite do fascismo. A altivez sarcástica de uma indomável. Viveu e fez viver no Botequim a democracia e olhava de soslaio para a entrada na Europa da economia.
A sua personalidade ainda hoje provoca arrepios nos mansos e acomodados. Teria, isso sim, gostado do reconhecimento dos direitos dos homossexuais, da legalização do aborto. Lutas que sempre encabeçou.
Laborinho Lúcio (um senhor), que Natália admirava, conta com grande humor no livro que hesitou em aceitar ser ministro da República nos Açores. “De noite, porém, acordei com a voz da Natália a ordenar-me, peremptoriamente, que aceitasse. E aceitei.”
Quando precisava, o Estado ignorou-a, mas em testamento – Natália e Dórdio – deram tudo ao país. Testamenteira, Helena Roseta dedicou um ano da sua vida a entregar até ao último livro, quadro ou cêntimo. Nem um agradecimento teve do Estado-herdeiro. “Um ordinarão”, teria trovejado Natália Correia.
Avisei aqui que ia deliciar-me a ler o livro. Dacosta, quando estiver a desistir vou recorrer ao “Botequim da Liberdade” e vociferar contra os asnos contabilísticos.

Nota: Portas quer uma comissão para baixar o IRS. Mas não houve nenhuma para o subir?


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02/11/13


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