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" JORNAL DE NOTÍCIAS"
Pescadores de Olhão vendem carapau
a dois cêntimos o quilo
Os pescadores e mariscadores de Olhão pediram, esta quarta-feira, às
autoridades que estabeleçam preços mínimos de venda de pescado, após ter
sido vendido carapau a preços reduzidos, que atingiram os dois cêntimos
o quilo.
Na lota de Olhão, o carapau negrão foi vendido a quatro cêntimos o
quilo e o carapau branco a 38 cêntimos, na semana passada o quilo de
carapau bateu nos "dois cêntimos", disseram pescadores e a Cooperativa
de Viveiristas.
"Eu tenho informação de um mestre de barco que apanha carapau, que um
quilo de carapau negrão foi hoje vendido a quatro cêntimos o quilo e o
carapau branco a 38 cêntimos o quilo e na semana passada este pescado
chegou a ser vendido a 20 cêntimos, a cinco cêntimos e, por incrível que
pareça, a dois cêntimos", afirmou à agência Lusa Manuel Augusto da Paz,
da Cooperativa de Viveiristas da Ria Formosa, lamentando que por estes valores os homens do mar não ganham dinheiro "nem para o gasóleo".
O mesmo carapau que foi comprado por dois cêntimos foi depois vendido no Mercado Municipal de Olhão a "um euro o quilo", disse Augusto da Paz, referindo que, normalmente, costuma ser vendido a cinco euros o quilo.
Com estes preços "nem ganha dinheiro o pescador, nem ganha quem vende
nesta altura, porque está muito barato", lamentou o Manuel Augusto da
Paz.
O preço baixo a que chegou o carapau está também a indignar António da
Branca, pescador há várias décadas e um dos responsáveis da Olhão Pesca,
Organização de Produtores de Pesca do Algarve.
António da Branca disse à Lusa que é necessário estabelecer um "preço
mínimo para vender o peixe" e há "necessidade de sensibilizar os
pescadores e vendedores" para que o pescado não chegue a valores tão
baixos.
António da Branca espera que seja "já para o ano" definido o "modo de
retirada" do peixe da lota e que seja definido um "preço mínimo para
vender o peixe", porque há muitos anos que existe "discrepância" entre
os preços praticados pelos pescadores e pelos vendedores.
Por outro lado, segundo António da Branca, "é do conhecimento geral que a
doca pesca de Olhão não reúne as condições (...) para se fazer daquilo
uma lota verdadeiramente saudável".
O pescador reiterou que existem problemas "muito sérios", como a
"autorização de toda a gente entrar na lota e o facto do local de
descarga não ser vedado".
António da Branca realçou ainda que os pescadores continuam a ser uma
classe "desprotegida" que trabalha "24 horas sobre 24 horas".
* Os agricultores portugueses acompanham os pescadores na desgraça.
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