31/10/2013

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HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"

Os portugueses estão a poupar demais?

Criticadas por terem gasto em excesso, incentivadas a poupar mais e empurradas pela austeridade, as famílias portuguesas responderam com uma contracção significativa do consumo. Estará a ser demais?
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"A poupança cresceu ao longo deste ano a uma dimensão que não esperávamos." A frase é de Pedro Passos Coelho, de Setembro de 2012. O primeiro-ministro justificou a incapacidade de atingir a meta de défice desse ano com a decisão dos portugueses de não gastarem o dinheiro que tinham "por receio ou precaução". Essa decisão prejudicou a economia, as receitas fiscais e, por arrasto, o cumprimento das metas do défice.

Depois de vários anos com uma taxa de poupança saudável (estava nos 20% em 1982), entre 2003 e 2007, a poupança dos portugueses caiu para 7% do seu rendimento disponível bruto, o valor mais baixo entre todos os países da Zona Euro. A tendência era mundial. A poupança caiu, arrastada por juros baixos, legislação flexível no crédito e a emergência de novos produtos financeiros. Em Portugal, a crise e os sucessivos pacotes de austeridade, trouxeram uma nova inversão desta tendência em 2009. Hoje, as famílias portuguesas comparam bem com os outros países da moeda única. Mas numa altura de tentativa de recuperação económica pode isso ser um mau sinal?

Afinal, por que devemos poupar? Além de criar uma almofada financeira para alturas de crise, a teoria económica aponta a poupança como uma espécie de semente do investimento. Explicado de forma muito simples: os bancos recebem poupanças, normalmente sob a forma de depósitos, e distribuem-nas via concessão de crédito a empresas e famílias. Teoricamente, essa poupança dinamiza o investimento e o consumo, faz mexer a economia e acaba por gerar mais emprego e rendimento.

Nos últimos anos, os portugueses foram incentivados a poupar mais, confrontados com a ideia de que gastaram em excesso no período que antecedeu a crise. As famílias responderam com menos consumo e mais poupança. Segundo os dados do INE, a taxa de poupança passou de 9,8% no ano terminado no segundo trimestre de 2011 para 13,6% no segundo trimestre deste ano. Passos Coelho argumenta que foi excessivo.



Paula Carvalho, economista-chefe do BPI, explica ao Negócios que "não faz sentido dizer que os portugueses estão a poupar demais". "São valores robustos, mas nem são os mais elevados da Zona Euro. Claro que, no imediato, prejudica a actividade económica, mas é preciso não esquecer que a poupança actual é investimento futuro."

Um país poupar demais não é um fenómeno inédito e tem nome: paradoxo da poupança. O termo popularizado por Keynes significa que se todos pouparmos mais durante uma recessão, a queda da procura e os efeitos no consumo e economia, acabarão por reduzir as poupanças.

Os últimos números comparáveis entre países europeus mostram que Portugal – que terminou 2012 com uma taxa de poupança de 11,6% – está acima da média da União Europeia. Ainda muito longe dos 16,4% alemães ou dos 15,2% franceses, mas acima de países como Irlanda (10%) e Espanha (10,4%).

Excessivo ou não, o certo é que o aumento da poupança dos portugueses surpreendeu. E o motivo pode ser o "choque de expectativas" referido pelo primeiro-ministro: nos últimos dois anos, o consumo das famílias caiu duas vezes mais do que o seu rendimento disponível. Sucessivos pacotes de austeridade deixaram marcas. "Reflecte mais incerteza quanto ao futuro, ao mercado de trabalho e ao rendimento", sublinha Paula Carvalho. 


O estranho caso da poupança dos japoneses
 
Ainda hoje, o Japão é provavelmente conhecido por ter taxas de poupança elevadíssimas, apesar de isso já não ser verdade. Nos anos 90, a taxa de poupança das famílias japonesas chegou a estar nos 44%, tendo caído progressivamente até aos 2%. No próximo ano, deverá ficar abaixo de 1%. Uma das principais justificações avançadas para este fenómeno é o envelhecimento significativo do país. A partir de determinada idade, o incentivo para poupar reduz-se consideravelmente. Outros estudos atribuem pouco influência ao factor demográfico e apontam como motivo o maior número de famílias com dificuldades de liquidez ou o maior apetite por investimentos financeiros. Actualmente, quem são os mais poupados em todo o mundo? Os chineses, com uma taxa de poupança de 38%.


* As famílias portuguesas não gastaram demais, é uma forma demagógica de tentar camuflar o esbanjamento dos últimos 4 governos.
Não foram as famílias portuguesas que construíram estradas desnecessárias, estádios agora com bolor, que privatizaram o BPN, que destruíram o tecido produtivo, e, infelizmente, tornaram inútil uma obra de arte que é o pavilhão de Portugal no parque das nações.

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