10/06/2013

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HOJE NO
" DIÁRIO DE NOTÍCIAS"

Voluntários há um ano a dar comida quente aos sem-abrigo

Equipas de voluntários dedicam muito do seu tempo a "aconchegar o estômago" e a "distribuir alguma esperança" a sem-abrigo de Viseu que, um ano depois do início do projeto "Colher de Esperança", aumentaram de 11 para 40. 
"Em junho de 2012 iniciámos uma atividade de apoio social aos sem-abrigo, tendo servido 11 refeições logo na primeira saída. Atualmente, este número está perto de 40 e só não é maior porque fazemos um levantamento criterioso do que é um sem-abrigo", revelou Diana Costeira do grupo "Colher de Esperança".

Ao todo, são nove as equipas, constituídas por seis ou oito pessoas, que todos os sábados e domingos do último ano têm saído às ruas de Viseu para distribuir um "kit" de comida quente a quem nada, ou quase nada, tem.
A estes 63 voluntários juntam-se ainda elementos do Grupo Bora-Lá, que colaboram dois sábados por mês.

Em declarações à agência Lusa, Diana Costeira admitiu que a tendência é para que o número de sem-abrigo aumente, como consequência da crise que o país atravessa.
"Sem-abrigo não é só aquele que não tem teto, é um pouco mais do que isso. E consideramos que existe muita pobreza envergonhada da qual não se tem conhecimento", sustentou.

Ao longo deste primeiro ano de atividade, os grupos de voluntários acompanham de perto alguns casos de vida em pobreza extrema, como o caso de dois homens que partilham uma casota de madeira de pouco mais de três metros quadrados e "onde chove por todo o lado".
"Há também um senhor que vive dentro de uma caixa de papelão ou um casal, que teve recentemente um filho, a viver numa casa abandonada", descreve.
A também diretora da Associação Social, Cultural e Espiritualista de Viseu evidenciou ainda o caso de uma idosa de 90 anos, que apareceu pedindo comida para duas pessoas de rua que acolheu na sua casa.

"A sua reforma é pequena e não dá para os alimentar. Cito este caso, não tanto pela extrema pobreza, mas pela lição de vida, pois quem menos tem é quem mais quer ajudar", acrescentou.
Diana Costeira informou que para além da distribuição de refeições quentes aos sem-abrigo, é ainda dado apoio alimentar a 72 famílias carenciadas.
O trabalho dos voluntários "vai muito para além do dar um saco de mercearia mensalmente, já que também promove sessões com as famílias que apoia", no âmbito da toxicodependência, higiene em geral, educação para a sexualidade, gestão e economia doméstica, entre outros.

"Não damos só o peixe, mas pretendemos dar a cana para ensinar a pescar. Outro ponto positivo prende-se com o facto de muitos daqueles que vão buscar a sua refeição acabam por ficar um pouco mais para conversar connosco e desabafar", alegou.
Diana Costeira sublinhou que, para que todo este auxílio chegue a quem mais precisa, conta com a ajuda de mais um grupo de voluntários, a "Caravana Francisco de Assis", que sai à rua um domingo por mês, batendo de porta em porta, com o intuito de recolher alimentos, roupa e outros bens. Só não aceitam dinheiro.

Para o próximo ano, o objetivo passa por "continuar a servir refeições, já que é uma forma de detetar situações de extrema pobreza".
No entanto, avança que pretendem "conseguir um espaço, que já está pedido à autarquia de Viseu, para que a equipa de técnicos possa fazer um outro tipo de trabalho com os sem-abrigo, em articulação com a Segurança Social e outras instituições".

* Um belo exemplo no Dia de Camões.

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