14/06/2013

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HOJE NO
" JORNAL DE NOTÍCIAS"

Sobreviveu 60 horas em barco 
naufragado no fundo do mar

Um nigeriano sobreviveu 60 horas fechado na casa de banho de um barco no fundo do Atlântico. Lembra-se de ouvir os peixes comer os companheiros mortos e de rezar para ser salvo. Foi encontrado por mergulhadores, que ficaram chocados por o encontrarem... vivo.

Harrison Okene sobreviveu 60 horas no fundo do Oceano Atlântico, confinado a uma casa de banho do Jacson-4, um navio rebocador que naufragou ao largo da Nigéria, a 26 de maio.
Dois dias e meio após o naufrágio, mergulhadores encontraram Harrison Okene com vida, encurralado numa casa de banho do navio, preso à vida numa bolha de ar com pouco mais de um metro de altura.

"Não sei o que impediu a água de encher aquele quarto. Só chamava por Deus. Salvou-me. Foi um milagre", contou Harrison Okene, ouvido pela Agência Reuters, que revela a história deste cozinheiro nigeriano ao Mundo.

O barco virou, à força das ondas, a cerca de 30 quilómetros da costa da Nigéria, quando ajudava na estabilização de uma plataforma petrolífera da empresa americana Chevron. Das 12 pessoas a bordo, foram recuperados os cadáveres de 10 e duas foram dadas como desaparecidas.
Eram 4.50 horas da madrugada de 26 de maio quando Okene, de 29 anos, sentiu o barco a tombar. Estava na casa de banho, e forçou a porta de ferro à procura da escotilha de saída. Foi arrastado pelo corredor pela água em turbilhão para outra casa de banho, nos aposentos de um oficial.
Não sabe como, mas estava vivo e a respirar quando sentiu o barco a pousar no fundo. "Estava muito escuro. Não via nada mas sentia que não estava sozinho, que havia ali corpos de companheiros mortos. Apareceram peixes que começaram a comê-los. Conseguia ouvi-los. Foi horrível", contou.

Vestindo apenas cuecas, Okene sobreviveu na água gelada da casa de banho, de cerca de 1,20 metros, agarrado ao lavatório para manter a cabeça fora de água no barco virado ao contrário.
Esteve nisto cerca de 24 horas. Não sabe ao certo quando, mas ganhou coragem e nadou para a cabine do oficial e tentou tirar painéis da parede do quarto para usar como uma jangada que o mantivesse acima do nível da água. 

"Estava ali na água, no meio da escuridão total, a pensar que seria o fim. Sempre à espera que a água enchesse o compartimento, o que acabou por não acontecer", conta Harrison Okene.
"Estava esfomeado, mas principalmente tinha sede. A água salgada levou-me a pele da língua", recorda Oneke, desconhecendo que a empresa proprietária do barco, a West African Ventures, tinha contratado mergulhadores para procurar os corpos dos desaparecidos.
"Ouviu o barulho de um martelo a bater na embarcação. Bum, bum bum. Mergulhei e encontrei um cantil. Puxei o filtro da água e comecei a bater no interior do casco na esperança de que me ouvissem", contou.

Os mergulhadores entraram no barco e Okene viu a luz de uma lanterna no corredor. "Entrei na água e dei um toque com a mão no mergulhador. Acenei-lhe quando se virou. Ele ficou chocado", contou.
A equipa de mergulhadores equipou Okene com uma garrafa de oxigénio, fato e máscara de mergulho, e trouxe-o de volta à superfície. Eram 19.32 horas de sexta-feira 28 de maio, 60 horas após o naufrágio do Jacson-4.

Passou outras 60 horas numa câmara de descompressão, porque se o corpo tivesse sido exposto imediatamente ao ar exterior teria morrido, e voltou à terra natal, Warri, na Nigéria, onde falou ao jornalista da Reuters.
"Às vezes, em casa, parece que a cama está a afundar. Penso que ainda estou no mar e acordo a gritar", contou Okene, que não decidiu ainda se voltará ao mar.

* Vale a pena acreditar em milagres???

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