25/05/2013

CLÁUDIA CARDOSO

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O vazio absoluto

Cavaco Silva não é um bom presidente da República. Ele é o Presidente da República. Mas isso não basta. E pelo que se tem visto não nos serve. Portugal já teve outros governos fracos, mas tinha bons presidentes da República. 

Homens de uma envergadura intelectual insuspeita. Cultos e informados, atentos e intervenientes. Numa palavra: humanistas. Hoje perderam-se os homens em benefício dos autómatos. No governo representados pelo ministro Gaspar, e na Presidência da República por um alienígena. Que nos envergonha muitas vezes, em demasiados lugares. Ainda recentemente na feira do livro de Bogotá em que omitiu o prémio Nobel português, branqueando com desplante a história do nosso país. Quem ouviu Cavaco Silva dizer que passámos a 7ª avaliação da troika por inspiração de Nossa Senhora de Fátima pensou tratar-se de um sketch do Portugalex. Não houve encenação, porém. O homem respira e move-se a espaços. Os portugueses já fartos da sebenta financeira, que junta à hora do jantar uma dezena de comentadores televisivos, levam agora com o breviário supersticioso do Presidente da República.
 Que Maria Cavaco diga no recato do seu lar que foi por influência divina que Portugal ultrapassou esta etapa até seria aceitável, atendendo à elasticidade mental dos intervenientes, mas que o PR o reproduza, sem corar de rubra vergonha, aos jornalistas já é muito confrangedor. Os portugueses perguntam-se diariamente para que lhes serve este Presidente da República. Que se mantêm calado quando se exige que fale, que se dirige aos portugueses através de posts no facebook, que não exerce as suas funções como devia. E que se transformou numa anedota ambulante para o país. Que nos envergonha e empobrece amiúde. E que, sobretudo, transforma o cargo de Presidente da República num adereço inútil de um país empobrecido.

 A absoluta vacuidade deste PR desafia o tino dos portugueses e faz regredir décadas o país.

* Deputada na ALRAA pelo PS

IN "AÇORIANO ORIENTAL"
21/05/13

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