22/05/2013

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 HOJE NO
" RECORD"

Federações apreensivas com 
corte de 20 por cento

As federações portuguesas de vela, triatlo e ciclismo manifestaram-se esta quarta-feira muito apreensivas com o corte de 20 por cento na dotação pública para o alto rendimento, adiantando que surge "tardiamente" e que os objetivos têm de ser "repensados".

"A informação surge tardiamente e coloca as federações num grande dilema ao ter que fazer ajustes quando as provas já estão planeadas. Se viesse mais cedo, podíamos ter planeado as coisas de outra maneira", disse à agência Lusa Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo.

As federações desportivas nacionais tiveram conhecimento na terça-feira de que a tutela vai aplicar um corte de 20 por cento nos contratos-programa de financiamento do alto rendimento nas diferentes modalidades, depois de em março as mesmas federações terem sofrido um corte de nove por cento nos contratos de desenvolvimento da prática desportiva e enquadramento técnicos (estes já assinados e publicados).

Delmino Pereira avançou que este é um "problema bastante grave", já que vai ser obrigado a "abdicar dos pontos mais altos das provas", quando as seleções e os corredores já se estão a preparar para os Campeonatos da Europa e do Mundo.

Também José Manuel Leandro, presidente da Federação de Vela, considera que não houve "equidade e planeamento" na tomada de decisão e que será necessário "repensar todo o modelo de financiamento" do movimento associativo.

"O mais gritante é que não são só os 20 por cento de agora, há umas semanas tivemos uma reunião em que foram anunciados cortes de 17,5 por cento no desenvolvimento da prática desportiva e enquadramento técnicos e hoje recebemos um email a dizer que eram mais nove por cento. O país está como está. Nós também não queremos mais dinheiro, nem pedimos o que os outros não têm. Mas há que haver equidade e planeamento", reclamou José Manuel Leandro.

O líder da modalidade que colocou 13 velejadores nos Jogos Olímpicos de Londres2012 adianta que a sua federação fez um planeamento de época em outubro do ano passado, pelo que não compreende que a decisão do corte seja tomada quando as competições de preparação dos atletas para Europeus e Mundiais, tendo em conta Rio2016, estão já agendadas.

"O desporto não pode contar com incertezas. Os atletas têm que participar nas provas, treinar, viajar. Não posso arriscar estar a endividar a federação sem saber quando e o que é que vem. O que está em causa é o país que está a ser prejudicado. É preciso repensar todo o modelo de financiamento, enquanto não for feito, vamos ter problemas constantes", desabafou.

Também Fernando Feijão, presidente da Federação Portuguesa de Triatlo, explicou que vai ter de alterar os objetivos a que se tinham proposto no organismo para a época desportiva, justificando não ter condições para manter os mesmos com uma redução de 20 por cento. "Não estávamos a contar com a redução. Ainda estamos a digerir a proposta, a encaixar bem a situação. Mas sabemos que vamos ter de reduzir a participação internacional. É uma grande desilusão", manifestou Fernando Feijão, lembrando os êxitos obtidos nos últimos tempos na modalidade por parte de João Silva, atual líder do ranking mundial de triatlo, ou de Pedro Mendes (quinto numa etapa da Taça da Europa).

Fernando Feijão acrescentou ainda não saber para que gastou o governo dinheiro num estudo sobre o estado do desporto e perspetivas futuras, e que fazia recomendações políticas, para que agora, quando as federações já traçaram objetivos para os seus atletas a contar com o apoio estatal, este venha a sofrer cortes.

"É uma política de cortes cegos. Para que é que serviu o estudo em que se gastou milhões. Há talentos enormes na modalidade, que têm vindo a dar provas. Tem aumentado o número de praticantes, inclusive. E agora vamos ficar sem condições para os apoiar, isto não falando também dos encargos financeiros da própria federação. Temos 11 pessoas que vivem diretamente da instituição", desabafou. 

* Reflexo da dureza da gestão governativa que para além de assaltar o contribuinte e cortar, pouco, na despesa, anda completamente à nora.

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