29/04/2013

RAQUEL GONÇALVES

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Portugal dos pequeninos

Não, não é em Coimbra e não tem piada. Infelizmente a miniatura do país é, neste momento, o próprio país, não por mote próprio, mas por conta de quem o ocupa nos lugares de decisão.

O Portugal dos pequeninos ainda não aprendeu Abril e, sobretudo, ainda não aprendeu a ser. Vive ancorado na mediocridade, fechado na pequena importância.
Ainda é o Portugal do favorzinho, do esquema, dos grupos e grupelhos, dos mesmos que se revezam como se fosse impossível ser de outra forma.
Ainda não é o país onde o mérito guia as decisões.
Este mundinho pequenino e mesquinho justifica que ao pior dos cenários correspondam sempre os piores actores.
O presidente que não o sabe ser, o Governo que nunca o foi, os académicos de méritos reconhecidos mas de invisíveis resultados. E depois é só multiplicar isto por muitos e chegar ao desastre que somos ou que nos obrigam a ser.
É este o país que não aprendeu Abril, que não soube ser merecedor da revolução e das suas metas. O país que assinala Abril para cumprir calendário, de cravo ao peito. Um peito demasiado pequeno para acolher liberdades e direitos, para acolher uma maioridade feita de 39 anos de democracia.
Abril fez-se, mas não se conjugou, ou conjugou-se apenas em algumas pessoas, que são sempre as mesmas, que se protegem e que criam a ilusão do caos para criar o medo, a desconfiança e evitar, assim, que se mude o que há tanto tempo garante a única estabilidade possível: aquela que beneficia sempre o mesmo lado. É nisto que se sustentam os dias, numa eficaz rede de manter o estabelecido, de manter  em alta os níveis de receio para evitar a emancipação. O mote tem sido manter tudo nos seus lugares: os que mandam a mandar e os que obedecem a obedecer.  E assim se garante que o sistema funciona, não para todos, é verdade, mas pelo menos para os que interessam, para os que são pilares deste medíocre estado da coisa, que é a coisa do Estado.

* IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
28/04/13

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