17/04/2013

LEONETE BOTELHO

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O telefone não toca no Rato

A política joga-se sempre em dois tabuleiros: um público, mediático, outro reservado, de gabinetes.

No xadrez mediático, tudo é dito e feito de forma a provocar um efeito sobretudo na opinião pública, e por essa via fazer pressão sobre o visado da comunicação. Os verdadeiros consensos, os acordos de substância, as negociações políticas eficazes cozinham-se em privado, atrás dos reposteiros dos gabinetes, com as pinças cirúrgicas dos verdadeiros políticos. E quando saem à luz do dia, resultado de um longo processo de maturação, normalmente surpreendem a guarda avançada do debate.
Passos Coelho e Cavaco Silva sabem disto melhor que qualquer comentador. E sabem como o simples facto de conversarem, mesmo que ninguém saiba sobre o quê, provoca no campo mediático o efeito que desejam, seja pelos temas que deixam sair para a opinião pública, seja pelos timings escolhidos para os seus encontros. É por isto que é legítimo duvidar das suas verdadeiras e reais intenções quando vêm a público apregoar a necessidade de consensos políticos, leia-se o acordo do maior partido da oposição para as soluções que defendem — e nunca como agora Passos e Cavaco se mostraram em tão grande sintonia. O Presidente bem pode dizer que continuará a trabalhar por consensos políticos quando, pelas suas acções e omissões, deixa perceber coisa diferente. E o primeiro-ministro já não consegue esconder o quão ocos são os apelos públicos ao PS. Se de facto o desejam ou ainda o acham possível, por que não fazem o mais simples e telefonam a António José Seguro?

IN "PÚBLICO"
13/04/13

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