HOJE NO
" JORNAL DE NEGÓCIOS"
Portugal tem “capital preciosíssimo” para apoiar transições democráticas em África
Os portugueses fazem parte de um país atlântico
mas também de uma nação mediterrânica – e Portugal precisa de aproveitar
essa vertente. Reflexões da conferência organizada por Cavaco Silva
sobre a localização de Portugal no mundo.
A solução para a Europa está na sua
capacidade de influenciar grandes tendências mundiais. O norte de África
está a caminhar para a democracia. Portugal, país do Atlântico e do
Mediterrâneo, pode ajudar essa região nessa transição democrática. Quem o
diz é Álvaro de Vasconcelos, do Instituto de Estudos Estratégicos
Internacionais.
Portugal passou pela transição democrática há poucos anos (1974) e
esse factor corresponde a um “capital preciosíssimo” em relação a nações
mediterrânicas, comentou António Vasconcelos no painel “Rota do
Mediterrâneo e Médio Oriente”, da conferência “Portugal na balança da
Europa e do Mundo”, organizada pela Presidência da República.
“Portugal pode apostar fortemente no apoio às transições
democráticas, sem que isto signifique um encargo financeiro enorme”,
adiantou António Vasconcelos, na sua intervenção na conferência, que se
realizou na fundação Champalimaud.
O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros do Egipto, Amre Moussa,
considera que é tempo de assegurar que as reformas em países como a
Líbia, Egipto ou Tunísia serão bem-sucedidas. Para isso, é preciso um
projecto mediterrâneo – para o qual Portugal e os restantes países do
sul europeus podem contribuir. “É preciso um projecto colectivo para o
futuro”, disse Moussa, pedindo para que Portugal considere integrá-lo.
Rui Vilar (na foto), que presidiu ao painel, defendeu que estes
países do norte de África podem constituir parceiros. “Portugal não tem
estado presente no radar dos fundos soberanos dos países produtores de
petróleo. Mas pode encontrar aí uma fonte de investimento directo
estrangeiro, como em vendas de activos ou como em novas iniciativas”,
concretizou.
O antigo ministro da Economia acrescentou também que Portugal tem
vantagens comparativas face a outros países europeus para apostar numa
política de relações bilaterais com estes Estados. Uma delas é o papel
que Portugal pode desempenhar nos processos negociais ou na mediação de
conflitos, dada “a aptidão para a inclusão e diálogo intercultural” do
País.
* Portugal pertence muito mais ao Atlãntico Sul e ao Índico do que à Europa. Transições democráticas em África só com a morte dos ditadores.
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